segunda-feira, 24 de novembro de 2008

História de Prazeres

Por James Davidson


O Bairro de Prazeres é a sede do município de Jaboatão dos Guararapes. Por isso, sua história merece ser contada melhor:

Durante o período colonial, as terras situadas próximas à praia não eram as preferidas pelos senhores de engenho que, com medo de ataques de piratas, instalavam suas fazendas no interior. As terras de Prazeres eram ocupadas apenas por pescadores e tangedores de gado das Curcuranas, que moravam dispersos. É verdade que essas terras faziam parte do Engenho Guararapes, mas a sede deste ficava situada mais para o interior, próximo ao atual Conjunto Muribeca, portanto, distante da praia.


Com a expulsão dos holandeses, foi levantada a Igreja de N.S dos Prazeres, em 1656, nos Montes Guararapes. Desde o início da colonização até o fim do século XIX, as únicas povoações realmente existentes no município eram Muribeca e Santo Amaro de Jaboatão, ambas situadas mais para o interior, e Candelária, Curcuranas e Piedade, situadas à beira-mar.

O povoado de Prazeres só veio a surgir mesmo com a construção da Estação Ferroviária de Prazeres, pertencente à Estrada de Ferro do São Francisco, no ano de 1858. O local passou a ter, a partir daí, um grande desenvolvimento, intensificado principalmente com a construção da ligação com a praia de Venda Grande (Piedade) pelos retirantes da seca de 1878, pagos pelo governo do estado. Esta estrada é a atual Av. Barreto de Menezes. Chegou a ser sede do município de Muribeca em 1889 e depois distrito de Jaboatão, após a extinção do município de Muribeca.


Mas Prazeres só começou a ter a importância que tem hoje a partir da década de 50 quando a urbanização, vinda de Boa Viagem, atingiu Piedade e Candeias. Na década de 70, o crescimento é intensificado com a instalação de várias indústrias, com o apoio da Sudene. Tudo isso fez com que em apenas em 20 anos a população de Prazeres aumentasse 5 vezes, superando Jaboatão Centro, então sede do município.


O crescimento acelerado, a maior circulação de riquezas e o aumento da população fez surgir em pouco tempo muitos bairros e comunidades como Rio das Velhas, Cajueiro Seco, Massaranduba, Guararapes, Tiêta, Vaquejada, Espinhaço da Gata, Vietnã, etc. A falta de planejamento na ocupação gerou problemas de saneamento básico e infra-estrutura, presentes até hoje.



A falta de identidade das pessoas com Jaboatão (pois a maioria vieram de fora), aliada a distância entre os dois distritos gerou o desejo de emancipação ou mesmo uma possível anexação ao Recife. Pensando nisso, o prefeito Geraldo Melo transferiu a sede do município para Prazeres, no ano de 1989, fato que garantiu a integridade do "município da integração nacional". Também mudou o nome do município para Jaboatão dos Guararapes. Hoje, Prazeres é o principal centro econômico, político e administrativo do Jaboatão.


terça-feira, 11 de novembro de 2008

Tejipió - um ex-bairro de Jaboatão

Por James Davidson



O Bairro de Tejipió, no Recife, é um lugar pitoresco e de origem muito antiga, remontando aos tempos coloniais. Sua história é pouco conhecida pelos próprios recifenses e, por já ter pertencido a Jaboatão, demo-lhes um espaço neste blog.





Cortada pelo rio Tejipió, a região foi ocupada pelos portugueses ainda no século XVI, com a instalação de alguns engenhos de cana-de-açúcar. Estes engenhos pertenciam à freguesia da Várzea - Engenhos São Paulo, Curado, Tejipió, etc. O açúcar era levado em pequenos barcos pelo rio Tejipió, também conhecido como Rio dos Cedros e Rio dos Afogados, até o porto do Recife.



Foi através do Vale do Rio Tejipió que os colonizadores adentraram e conquistaram o Vale do Rio Jaboatão, pela região que hoje é Cavaleiro. Durante o período holandês, o Engenho Tejipió foi confiscado pelos holandeses e passado a João Fernandes Vieira e, por isso, o local passou a ser um dos centros de conspirações contra os invasores.



O Rio Tejipió nasce na Mata do Mamucaia, município de São Lourenço da Mata, nos confins da Cova de Onça. Segundo Teodoro Sampaio a palavra Tejipió significa "raiz de Tejú".





No século XVII, é fundado no local o Engenho Peres pelo português José Peres Campelo que veio em Pernambuco em 1680. Suas terras correspondem hoje à mata protegida pelo quartel do exército de Tejipió. Também neste século, foi erguida a Capela de NS do Rosário que, apesar de inúmeras alterações, permanece no local.


Com a construção da Estrada da Vitória (atual avenida José Rufino), em 1836, o povoado começou a crescer, tanto que em 1858 muitas casas foram construídas ao pé da ponte ali existente. Em 1885 foi criada a Estação de Tejipió, pertencente à Estrada de Ferro Central de Pernambuco e, posteriormente, a de Coqueiral na junção com a linha para Camaragibe. Ambas estações foram destruídas para a construção das atuais do metrô.


No início do século XX, o bairro de Tejipió era um distrito de Jaboatão até que no ano de 1928 foi anexado ao Recife, por ordem do Governador Estácio Coimbra. Nesse período, o local era mais movimentado que Cavaleiro, tendo um mercado público, construído pelo prefeito de Jaboatão Nobre de Lacerda. Este mercado foi destruído posteriomente para que os ônibus elétricos pudessem fazer a volta. Tejipió também possuía uma imprensa bastante movimentada com vários jornais locais como "O Echo".