quinta-feira, 30 de junho de 2011

Nascente do Rio Jaboatão

Por James Davidson


No último dia 11/06, tive a feliz oportunidade de conhecer a nascente do Rio Jaboatão, em Vitória de Santo Antão. Através do amigo Heraldo, leitor e colaborador do blog, visitei a nascente que fica na propriedade do Sr. Manoel Ribeiro, divisa de Pacas com Arandú de Cima. Neste ponto, o Rio Jaboatão inicia sua jornada como um simples riacho de águas cristalinas que brota de uma cacimba, percorrendo em seguida cerca de 75 km, até finalmente encontrar-se com o Oceano Atlântico, como foi mostrado na matéria anterior.


Às margens da estrada existe um marco indicando o exato local. Este marco tem os seguintes dizeres: "Aqui nasce o Rio Jaboatão/Iniciativa: Instituto Histórico de Jaboatão/Apoio: Prefeitura Municipal de Jaboatão 1985". Este foi colocado pelo pesquisador do IHJ Orlando Breno, que descobruiu o exato local onde o rio nascia. Orlando Breno faleceu em 1997, mas deixou como legado a descoberta da nascente registrada em detalhes no seu livro "Jaboatão, sua terra sua gente"como um grito pela necessidade de proteger o rio.




A água da nascente do Rio Jaboatão brota de uma cacimba e de outros olhos d'água que emergem do local. O rio surge como um tímido riacho, mas ao seguir o seu caminho vai aumentando o volume de suas águas e o tamanho de seu leito, à medida que recebe a água de outros riachos. Eis os engenhos e localidades que o Rio Jaboatão atravessa até chegar no oceano - Engenhos Pacas, Pedreiras, São Francisco, Genipapo, Jaboatãozinho, Taquary, Laranjeiras, Jussara, Jaboatão, Pintos, Pereiras, Morenos - aí entra na cidade de Moreno - Catende, - deixa a cidade de Moreno - Bom dia, Caxito, Bulhões, - entra em Jaboatão - Engenho Velho, Socorro, Santana, Guarany, Recreio, Usina Muribeca, Engenho Novo da Muribeca, São Bartolomeu, Comportas, Megaype de Baixo, Pontezinha e Barra de Jangadas.



A água do Rio Jaboatão, retirada da fonte é limpa, bastante diferente da que vai ser encontrada mais adiante. Nesta região, o rio abastece as pequenas propriedades rurais que ali existem. A nascente fica localizada na encosta de uma vertente, um morro que serve de divisor de águas para três bacias hidrográficas, por onde passa a estrada. A leste, as águas correm pra a bacia do Rio Jaboatão, a sul para a sub-bacia do Riacho Arandu, bacia do Rio Pirapama, e a oeste as águas fluem para o Riacho Pacas, afluente do Rio Natuba, bacia do Tapacurá (Capibaribe).


A nascente do Rio Jaboatão fica localizada a 386 metros de altitude, quase 400 metros acima do nível do mar. Coordenadas geográficas da nascente: 8° 10' 32,25'' Lat S e 35° 11' 45,72" Long O. O local é bonito e contamos com a calorosa recepção do Sr. Salatiel, filho do proprietário, a quem agradecemos pela gentil acolhida.


A nascente do Rio Jaboatão é mais um local que precisa ser melhor conhecido e preservado, para que pelo menos em algum local da bacia ainda permaneça existindo água limpa e potável, em contraste com os demais trechos do rio.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Foz do Rio Jaboatão

Por James Davidson


A foz do Rio Jaboatão fica localizada na Praia de Barra de Jangadas, entre os municípios de Jaboatão dos Guararapes e Cabo de Santo Agostinho. Depois de percorrer cerca de 75 quilômetros desde a sua nascente, em Vitória de Santo Antão, o Rio Jaboatão deságua no Oceano Atlântico, numa foz conjunta com o Rio Pirapama.


A foz do Rio Jaboatão é do tipo estuário, ou seja, encontra-se com o oceano livremente sem formar ilhas ou canais. Lembrando que a denominada Ilha dos Amores, apesar do nome, não constitui uma ilha, mas uma restinga, pois está ligada à Praia do Paiva, no município do Cabo. Por conta dos impactos ambientais das ações humanas e das dinâmicas litorâneas,  a foz do Jaboatão têm sofrido significativas alterações, como a erosão marinha em alguns trechos e o assoreamento em outros. Culpa das ações mal planejadas do ser humano na costa e também no interior da bacia hidrográfica.



Seguindo em direção sul, é sutil a diferença entre as praias marinha e  fluvial. Aos poucos, a areia vai ficando mais densa até transformar-se em lama, á medida que subimos o rio. Forma-se assim, um imenso e belo manguezal que se estende por quilômetros para o interior, até onde a influência das águas salobras e da maré podem alcançar. A água do rio é aparentemente tranquila e com pouca correnteza.



Na margem direita do rio, formada pela restinga que separa este do oceano, trechos de mangues formados por pequenas camboas que penetram na Ilha dos Amores alternam-se com os coqueiros. Já na margem esquerda é a vegetação de restinga que domina, cedendo lugar ao mangue à medida que subimos o rio, como também nas margens das camboas e do Canal Olho D'água. Neste trecho, algumas pessoas tomam banho no local, ignorando a poluição das águas do Rio Jaboatão e as fêmeas do tubarão cabeça-chata que se reproduzem no estuário.



Mais adiante, encontra-se a desembocadura do Canal Olho D'água no Rio Jaboatão. Este canal atravessa Curcuranas até encontrar-se com a Lagoa Olho D'água. Suas águas estão muito contaminadas, como atesta sua coloração esverdeada decorrente da ação de bactérias que se proliferam onde se despejam esgotos sanitários. Apesar disso, muitas crianças tomavam banho no local, bem abaixo da nova ponte construída sobre o canal. 


 


O mangue que margeia o Canal Olho D'água estende-se por quilômetros pelo interior. Porém encontra-se bastante ameaçado pela poluição e pelas atividades humanas.



Mais adiante, a polêmica ponte do Paiva. Construída recentemente pelo governo do estado, constitui uma forma de agilizar o acesso à Praia do Paiva e ao luxuoso condomínio que lá foi construído, sendo necessário para isso pagar um pedágio. A vista da ponte é linda, mas seu principal ponto negativo é que está atraindo uma forte especulação para o local que está ameaçando o frágil ecossistema da região.



Mais adiante, no meio do mangue, o resultado da poluição sofrida pelo rio ao longo de seu caminho até a foz: lixo! Muitos pedaços de isopor, copos descartáveis, plásticos, pets e outros materiais de difícil decomposição ficam acumulados nas margens e entre as raízes do mangue. Quem acredita que o lixo desaparece ao jogá-lo no rio está muito engando!


Logo em seguida, o encontro das águas local: o encontro do Rio Pirapama com o Rio Jaboatão. O primeiro vem do sul, oriundo do Cabo de Santo Agostinho, enquanto o segundo vem do oeste, marcando o limite entre os dois municípios. O local é frequentado por lanchas que visitam ambos os rios, levando turistas e visitantes ás belezas da região. Canoas e barcos de pescadores também podem ser avistados.




Próximo dali, em algum lugar ainda incerto, existiu a antiga Igreja de Santo Antônio da Barra, anterior ao período holandês. Procurei pela região e encontrei alguns possíveis locais onde ficavam, até recentemente, as ruínas dessa igreja, mas não consegui através dos moradores locais nenhuma confirmação conclusiva. Espero obter mais informações a esse respeito para saber quais dos dois locais indicados ficava a igreja.


Por fim, a região do estuário do Rio Jaboatão é um importante santuário ecológico que precisa ser preservado. Além de contar com um vasto manguezal, é um dos poucos trechos do município que preserva a antiga vegetação de restinga, outrora abundante em nossos litorais. Contudo, a especulação imobiliária da localidade, decorrente da Ponte do Paiva, já está afetando e comprometendo esses ambientes frágeis e que merecem ser mantidos para as gerações futuras.