quinta-feira, 30 de julho de 2009

Ser ou não ser jaboatonense III

Por James Davidson

Voltando a questão do adjetivo pátrio de Jaboatão, quando muitos querem que nos chamemos jaboatanenses ou jaboatãozenses, volto a dizer que a forma correta é a consagrada pelo povo e presente no Hino Municipal: Jaboatonense!

Há quem diga, porém, que como a palavra Jaboatão termina "ão" o termo correto seria jaboatanense pois, teoricamente, a palavra deveria ser "fiel" ao seu termo de origem. Contudo, na prática não é assim. Todo mundo sabe que quem nasce no Rio Grande do Norte é potiguar, no do Sul gaúcho, em Salvador soteropolitano, no Espírito Santo capixaba e por aí vai. Ninguém questiona a exatidão destes termos, embora os mesmos não tenham nada a ver com os nomes de seus estados. Logo, não é preciso que um adjetivo pátrio seja exatamente "fiel" ao nome do local de origem.

Outra questão interessante a observar é que nem sempre quando o nome do local termina e "ão" o adjetivo pátrio correspondente tem o sufixo iniciado em "A". Exemplos: Matão -SP - matonense, São Simão -GO - simonense, Gabão - gabonense, Cantão - cantonês, Japão - japonês. Logo, por que quem nasce em Jaboatão não pode ser jaboatonense?

Casa da Cultura - Antigo Mercado Público de Jaboatão

Por James Davidson



A feira da cidade de jaboatão, no início do século XX, era realizada no início da atual Praça NS do Rosário, em frente ao edifício conhecido como "A Reforma". No local onde seria construído o Antigo Teatro Municipal, existia um antigo galpão que era o prédio do Mercado Público. Os dias de feira eram as quartas e os domingos.
Procurando um melhor local para a acomodação do mercado público, o então prefeito Dr. Joaquim Carneiro Nobre de Lacerda adquiriu, em 13 de agosto de 1902, um terreno de 150 palmos de frente no final da Rua Dr. José Marcelino (hoje Praça do Rosário) em regime de aforamento, das proprietárias Maria do Monte Rodrigues Campelo e Maria Damiana Rodrigues Campelo. Existia no local uma pequena lagoa onde havia, inclusive, jacarés. Foi feito um aterro e no dia 7 de setembro do mesmo ano houve o lançamento da 1° Pedra fundamental. Dois anos depois é inaugurado o novo Mercado Público de Jaboatão, em 30 de outubro de 1904.

A imprensa da época assim noticiou a inauguração do edifício:

“Em 30 do mês passado inaugurou-se esse próprio municipal, cuja primeira pedra foi assentada solenemente a 7 de setembro de 1902.

O aspecto exterior desse mercado é um pouco pesado, como convém aos edifícios dessa ordem, mas de estilo arquitetônico muito agradável.”

O PHANAL, 11 de 1904



Com a inauguração do mercado pelo Dr. Nobre de Lacerda, a cidade passou a contar com melhores condições de higiene para a comercialização de seus produtos. A feira foi, então, deslocada para o espaço à frente do mercado até ser transferida, no início da década de 60, para o seu atual local. Em 15 de setembro de 1972, quando o prédio completou 70 anos do lançamento da pedra fundamental, o edifício passou a chamar-se “Palácio Nobre de Lacerda” em homenagem ao seu construtor, quando a partir de então passou a abrigar a Câmara de Vereadores.

A partir da década de 90, o edifício passou a ter vários usos, dentre os quais o de biblioteca pública, sendo conhecido como Casa da Cultura a partir de 1993 e hoje abriga a sede do Conselho Municipal de Cultura. Ao seu lado, existia um belo e típico casarão conhecido como "Senzala" que foi criminosamente destruído, apesar de suas belas linhas e seu estilo eclético. Mais um belo edificio jaboatonense some diante da falta de proteção.

Autor: James Davidson Barboza de Lima.


Fontes: FIGUEIRÔA, Elieser. História da Imprensa de Jaboatão. Recife: CHM, 1983.
VELOSO, Van-Hoeven. Jaboatão dos meus avós. Recife: CEHM, 1978.