sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Engenho Duas Unas

Por James Davidson



Localizado em Jaboatão Centro, no bairro de Santo Aleixo, às margens da Estrada da Luz, o Engenho Duas Unas é o principal marco histórico da região. Sua denominação vem do Rio Duas Unas, que atravessa a localidade. O engenho chegou a funcionar como usina e a possuir até duas casas-grandes.


Levantado no final do século XVIII, em terras separadas do Engenho Goiabeira, Duas Unas aparece nas referências ora como Sítio, Propriedade ou Engenho, variando de acordo com a época. Em meados do século XIX pertencia a Amaro Pinheiro Bezerra da Palma que vende o engenho a João Hypólito de Meira Lima, em 13 de agosto de 1857. Em 1870 pertencia a João Theotônio da Cunha.


No final do século XIX e início do século XX parte de suas terras é loteada, dando origem ao "arrabalde" de Duas Unas. Situado às margens da Estrada da Luz, foi o embrião do atual bairro de Santo Aleixo. Nos idos de 1910, chegou a existir no local uma sementeira de eucaliptos, que eram vendidos para várias regiões do estado.


A propriedade pertencia, pelos idos de 1920 e 1930, ao sr. Maximiamo Accioly Cavalcanti, casado com D. Leonita Rabelo Accioly Cavalcanti. Dos muitos membros dessa família surgiam os irmãos Flávio Campos e Maximiamo Accioly Campos, cronistas e escritores que teriam destaque na sociedade pernambucana em meados do século XX.


Da família Campos, Duas Unas passa para Francisco Fonseca Magalhães que transforma o engenho numa pequena usina. A "Engenhoca Duas Unas" era um meio-aparelho que, todavia, não sobreviveu muito tempo à concorrências das grandes usinas, passando depois a ser simples fornecedora de cana.


O cultivo de cana-de-açúcar sobreviveu até meados da década de 1990. Posteriormente as terras da propriedade passaram a ser loteadas, dando origem ao bairro de Duas Unas. Destaque para a torre de retransmissão da Embratel implantada no alto de um morro em 1975, donde se avista grande parte da paisagem do entorno. Atualmente a propriedade foi adquirida por terceiros e uma imensa terraplanagem vem sendo feita no local, cuja utilização não sabemos informar. Também não se sabe qual será o destino da secular casa-grande, construída em dois pavimentos, atualmente desocupada e sem uso. Esperamos que não tenha o mesmo destino de muitas outras casas de engenho do estado, destruídas sem a menor hesitação, apesar do seu valor histórico e cultural.