domingo, 16 de dezembro de 2012

Lançamento do livro Memórias Destruídas

Por James Davidson

Finalmente, depois de 3 anos de espera, ocorrerá o lançamento do meu livro Memórias Destruídas. O livro que fala sobre a história da destruição do Patrimônio de Jaboatão dos Guararapes será lançado no dia 12 de Janeiro de 2013, na sede da Casa da Cultura de Jaboatão. Venho através desta postagem convidar a todos os leitores e amigos do Blog a participar da Festa de Lançamento. O evento contará com a exposição de banner sobre o Patrimônio de Jaboatão dos Guararapes, assim como a exibição de um Pequeno Curta Metragem sobre o assunto. Vejam abaixo uma prévia do vídeo:


Em breve estarei divulgando mais informações sobre o evento!

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Vídeo Documentário Águas do Jaboatão

Por James Davidson


Acima Vídeo Documentário Águas do Jaboatão, realizado pelo MJPOP em parceria com A Juventude Suassuna e o Jaboatão Redescoberto. Foram várias visitas em diversos trechos do Rio Jaboatão e seus afluentes, percorrendo seus 75 Quilômetros, desde sua nascente em Vitória de Santo Antão, até sua foz em Barra de Jangadas. Conversamos com moradores locais - pescadores, coletores, sitiantes e ribeirinhos - e flagramos várias atividades poluidoras e destruidoras do Meio Ambiente. Foi uma experiência maravilhosa, onde pudemos sentir na pele os momentos tanto de beleza, como de agonia do nosso rio. A relação dos moradores locais com nossa artéria fluvial também pôde ser analisada através deste documentário. Tudo em defesa do meio ambiente e do rio que deu origem à nossa cidade.

Não somente autorizamos, mas insistimos que este vídeo seja compartilhado, baixado, distribuído e divulgado em todas as mídias sociais para que seja um importante veículo de conscientização social e ambiental nas escolas, comunidades, universidades, seminários,  etc. Que os professores e atores sociais de nossas escolas e comunidades utilizem este vídeo para a Educação Ambiental em nosso município. Um agradecimento especial a Alexandre Roseno, Edson, Julie Carle, Mário César Ramos, Tathiana Cosme, Raiana Rodrigues, Torquato Silva, Walkíria Rodrigues, Joel Emídio, Pollyana Virgolino, Sr, Salatiel e para todos os outros que contribuíram de alguma forma ou de outra para a realização deste importante trabalho. Esperamos que um dia possamos ver esta triste realidade transformada e que um dia possamos beber da água do Rio Jaboatão em todos os sues trechos, não só em sua nascente!!!

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Engenho Extintos de Jaboatão dos Guararapes

Por James Davidson

O município de Jaboatão dos Guararapes já chegou a ter 45 engenhos, isso excluindo da contagem aqueles que hoje pertencem ao município do Moreno. Apesar disso, são poucos os remanescentes que podemos encontrar destas antigas fazendas de açúcar que foram, por cerca de 400 anos, a principal atividade econômica do município. Alguns poucos ainda conservam alguma estrutura do antigo engenho, como a casa-grande, a senzala, a fábrica ou a capela. Alguns possuem apenas as casas de moradores. Outros mantém alguns desses elementos descaracterizados e alterados e, há ainda aqueles que mantém somente as ruínas, vestígios que indicam que ali existiu um engenho.

Casa grande do Engenho Megaype de Baixo

 Mas há aqueles casos em que nada praticamente sobrou à primeira vista do antigo engenho. É o caso dos engenhos Megaype de Baixo, Salgadinho, Capelinha, Cavaleiro, Engenho Velho, Conceição, São Salvador, Camassari e Santo Amarinho. São engenhos que podemos considerar extintos, pois nada é possível encontrar a primeira vista nos locais (exceto que escavações arqueológicas sejam feitas comprovando o contrário). As causas da destruição completa desses engenhos são variadas e serão avaliadas a seguir.

Local onde ficava o antigo Engenho Cavalheiro (Cavaleiro)

Alguns engenhos desapareceram como consequência da expansão urbana dos bairros da cidade. Foi o que aconteceu com os engenhos Cavalheiro (Cavaleiro), Santo Amarinho e Velho. O primeiro ficava situado onde hoje está a Praça de Cavaleiro, no entorno das ruas Severino Varejão e Padre Nóbrega. Já o Engenho Santo Amarinho ficava onde está localizado os atuais bairros do Curado II, III e IV, e existia até a construção desses loteamentos, no final da década de 1970 (A escola Cecília Brandão foi construída nessa época, quando ainda era engenho). O Engenho Velho deu origem ao bairro de mesmo nome, quando suas terras foram loteadas. Sua casa-grande ficava no chamado Alto da Viscondessa e existiu até meados da década de 1970, quando  foi destruída para a construção da Vila da Cepasa.

Antiga casa-grande do Engenho Velho -"Casa da Viscondessa"

Outros engenhos foram destruídos pela expansão dos canaviais das usinas. É prática comum de algumas usinas de cana-de-açúcar expulsar todos os moradores, destruir todos os edifícios para ter mais área para plantar. Constitui um verdadeiro absurdo sob o ponto de vista social, pois esvazia a zona rural cada vez mais e esses antigos moradores são forçados a viver sob condições adversas nas cidades, e patrimonial, pois muitas vezes a história também é destruída nesse processo. O Engenho Salgadinho é um exemplo. Nada mais resta do antigo engenho, nem mesmo as casas dos moradores é possível encontrar no local, pois foi destruído para a expansão dos canaviais da Usina Bom Jesus. Já o Engenho Capelinha parece ter desaparecido em processo semelhante.

Local do antigo Engenho Salgadinho - apenas canaviais

Outros engenhos sumiram por outros motivos. O Engenho Camassari (ou Camassary) desapareceu na década de 1970, submergido pela Represa de Duas Unas. O Engenho Megaype de Baixo teve sua casa-grande destruída em 1928, mas suas ruínas eram visíveis até pouco tempo quando foram completamente destruídas por uma rodovia (ver matéria no blog). Já no caso dos engenhos Conceição e São Salvador, suas causas constituem ainda um enigma.

Local onde ficavam as ruínas do Engenho Megaype de Baixo

Esses são os Engenhos extintos de Jaboatão dos Guararapes.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Os índios de Jaboatão

Por James Davidson


Quando se estuda história do Brasil todo mundo aprende na escola que os primeiros habitantes de nosso país foram os indígenas. Mas, no caso de Jaboatão poucas são as informações sobre as tribos e povos que ocupavam nosso território antes da colonização. As referências são poucas e não nos trazem muitos detalhes sobre a vida e as características dos primeiros jaboatonenses.

Até o presente momento, não foi encontrado nenhum sítio pré-histórico em Jaboatão dos Guararapes. Mas isto não quer dizer que eles não existam. Segundo a arqueóloga Niède Guidon, há evidências de que o Nordeste era habitado há pelos 50.000 anos e, mesmos as teorias mais pessimistas sobre a ocupação do Continente Americano, situam essa ocupação entre 20.000 e 10.000 anos antes do presente. É muito improvável que em todo este tempo nenhum grupo humano tenha deixado nenhum vestígio em nosso município.

Esta ausência deve-se, com certeza, tão somente a falta de pesquisas arqueológicas. E como a ausência de evidências não é evidência da ausência, podemos considerar a hipótese que devem existir sítios desconhecidos em Jaboatão. Há relatos antigos que, no Engenho Guarany, existiam pinturas e gravuras rupestres em enorme rochedo da região. Orlando Breno procurou incisivamente por elas e descobriu que o local exato tinha sido destruído pelas pedreiras, ainda hoje abundantes na localidade. Isso mostra que é possível a existência de sítios e registros pré-históricos nos inúmeros rochedos espalhados pela zona rural do município.

Segundo Pereira da Costa, os índios que habitavam a região ao sul de Recife, a partir dos Montes Guararapes, eram os índios Caetés, pertencentes ao grupo tupi. Estes índios foram duramente perseguidos e exterminados, a partir da década de 1560, em represália ao incidente antropofágico da qual foi vítima o Bispo do Brasil, D. Pedro Fernandes Sardinha, devorado junto com os outros tripulantes do naufrágio ocorrido próximo ao Rio São Francisco. Os Caetés habitavam todo o litoral sul de Pernambuco, até a foz do São Francisco, e eram tidos como "guerreiros, valentes, habilidosos, grandes músicos e bailadores" segundo o mesmo autor.


Esta guerra de extermínio contra os Caetés do sul da capitania, liderada por Jerônimo de Albuquerque e apoiada pela rainha de Portugal D. Catarina, durou cinco anos (1560-1565) e serviu para alargar os domínios portugueses em Pernambuco que antes "não tinham atingido, ainda, Guararapes, não ocupavam mais que o atual município do Recife". Ainda diz Bento Teixeira em sua Relação do Naufrágio de Jorge de Albuquerque, e retirada de Pereira da Costa: "Quando, porém, tomava algum forte ou aldeia dos gentios, fartava a todos com muitos porcos e galinhas, e outro muito mantimento da terra, que achava nessas aldeias". E ainda mais: "Tomando com facilidade uma aldeia após outra, conseguiu por termo a essa conquista dentro de cinco anos". Assim, foram massacrados os índios Caetés e os que sobreviveram fugiram ou foram escravizados.


A partir daí, iniciou-se a colonização das terras das "Ribeiras do Jaboatão, Pirapama, Ipojuca, Sirinhaém, etc". Os primeiros engenhos foram instalados ainda na década de 1560 e a presença dos indígenas parece ter sido banida segundo a maioria dos autores. Porém, as referências que tratam do domínio holandês em Pernambuco parecem negar a versão do extermínio completo dos índios. No ataque à Muribeca, ocorrido em 30 de Abril de 1633, quando o Engenho de D.Catarina de Albuquerque (Engenho Muribequinha) foi destruído, também foi destruída com ele uma aldeia de índios existente no local. A existência de aldeias indígenas em Muribeca durante o período colonial é uma grande possibilidade.


Não se sabe como devia ser a vida nessas aldeias, nem suas relações com os colonizadores e nem por quanto tempo duraram. Provavelmente, esses índios foram sendo absorvidas pela miscigenação com os colonizadores, perdendo suas terras com os avanços dos engenhos. Apesar disso, no século XVIII ainda existiam índios em Jaboatão. De acordo com Frei Jaboatão, em terras do Engenho Gurjaú (pertencente à Jaboatão na época) havia uma tribo de índios tapuias:


"Há notícia de que, em 1707, havia em Jaboatão uma tribo de índios, naturalmente do ramo dos tapuios. Nas margens do Rio Gurjaú, que nasce em Jaboatão e deságua no Rio Pirapama, habitava uma tribo que tinha o nome de ARAPOÁ-AÇÚ (ARAPOÁ ou IRAPOÁ é o nome de uma abelha muito comum; corruptela de IRA APUÁ, que significa mel redondo, ninho de abelhas.)."

Estes dados são os únicos encontrados sobre os primeiros jaboatonenses. Somente a realização de estudos arqueológicos no município, com um pouco de sorte, será possível ter um quadro mais completo e claro sobre os índios em Jaboatão dos Guararapes.

sábado, 28 de abril de 2012

Engenho São Bartolomeu

Por James Davidson



Casa-grande de São Bartolomeu,
Tão antiga e tão amada,
Tanta história tú guardavas,
Mas hoje não mais existes.

Que fizeram com a casa
Tão bonita e tão antiga,
Memórias das famílias
Que um dia a possuíram?


Que fizeram com a casa
Dos tempos imperiais
Num engenho colonial
Que por isso se tornou grande?


Aquele antiga casa
Muita histórias nos contava
Mas São Bartolomeu não espera
O que lhe aconteceu.

Dos judeus e holandeses
Que ali sobreviveram
Portugueses e africanos
Escravos e senhores


Memórias tu guardavas
Quanta história tu contava?
E apesar de tão amada
Te fizeram perecer.

Hoje não mais existes
Mas teu nome sobrevive
Tua lembrança então persiste
Em nossos corações



Como um ícone da luta
Em defesa do passado
De um lugar abandonado
Que é Jaboatão!

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Video sobre o manguezal do Rio jaboatão

Por James Davidson

Divulgo aqui um vídeo enviado pelo nosso colaborador Alexandre Roseno sobre o manguezal do Rio Jaboatão e o trabalho social da ONG Mangue Ferido. Veja o que acontece com o lixo que é jogado no Rio Jaboatão:


sábado, 24 de março de 2012

Matéria sobre a Barragem do Engenho Pereiras

Por James Davidson

Após a realização da audiência pública sobre a Barragem do Engenho Pereiras em Moreno, o Jc fez a seguinte matéria e vídeo abaixo:

Disponível em:http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cidades/noticia/2012/03/20/parte-de-moreno-sera-inundada-para-evitar-cheias-futuras-36387.php


Parte de Moreno será inundada para evitar cheias futuras

Estrutura será construída no Rio Jaboatão e vai inundar entorno da casa-grande do Engenho Pintos. Compesa promete fim da falta d'água na área sul da RMR


Às margens do Rio Jaboatão, em Moreno, a área no entorno da casa-grande do Engenho Pintos, distante 16 quilômetros do Centro, será inundada com a construção de uma barragem. O objetivo da estrutura é acabar definitivamente com as cheias que costumam afetar o município e parte de cidades vizinhas como Jaboatão dos Guararapes, Grande Recife, e Vitória de Santo Antão, Zona da Mata.
O empreendimento terá como responsável a Compesa, que também promete acabar com problemas de falta d'á-gua na região. Apesar de o projeto prever apenas a inundação do Engenho Pintos, a nova barragem ganhará o nome do Engenho Pereira, que fica ao lado do espaço destinado ao reservatório.
Além de destruir o que restou da estrutura do engenho secular, o empreendimento atingirá terras de um assentamento rural que abriga 400 famílias. São pessoas que conquistaram o direito de viver por lá, há 15 anos, e outras que receberam moradias por herança. Para quem depende da terra para tirar o sustento, a notícia da construção da barragem chegou de repente e assustou.

"É como uma bomba que vai cair nas nossas cabeças. A gente escuta falar nessa obra há muito tempo, mas todo mundo acreditava que era boato. Víamos os pesquisadores entrarem nas terras, mas ninguém nunca chegou para explicar o que ia acontecer no engenho", afirma a agricultora Edna Maria da Silva, 44 anos, uma das responsáveis pela Associação dos Parceleiros do Assentamento Herbert de Souza.

O território do Engenho Pintos é dividido em 147 lotes, administrados por pequenos agricultores. Muitos começaram a ocupar os terrenos com lonas. Atualmente, cada um tem seu espaço e todos plantam nas áreas comuns. Nem todas as casas do assentamento vão ser inundadas, mas quem vai ter que mudar de endereço teme o difícil recomeço.
"Trabalhar a terra do zero, encontrar um lugar tão bom para plantar, com um rio maravilhoso como o que temos aqui do lado de casa vai ser muito difícil. Todo mundo aqui é apegado a essas terras, ver acabar tudo é cruel", diz a agricultora Betânia Francisca da Silva, 37. A família de Cleide Josefa dos Santos, 46, foi criada no engenho e não pensa em outro lugar para morar. "É o nosso paraíso. A gente planta de tudo e é muito tranquilo", conta.
Caberá à Compesa recompensar as famílias pela destruição de suas casas. "Cada morador vai ter o direito de escolher se prefere ser indenizado ou reassentado. O valor da indenização e os detalhes dessa negociação ainda serão acertados", disse o diretor regional metropolitano da Compesa, Rômulo Aurélio de Melo, durante audiência pública ocorrida na última quinta-feira no Centro de Moreno.

Na ocasião, foi apresentado à população o Relatório de Impacto Ambiental (Rima) da barragem, desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep). De acordo com a coordenadora técnica da instituição, a geógrafa Edvânia Torres Aguiar Gomes, uma das ações de redução de impacto ambiental que deverá ser posta em prática pela Compesa é o replantio das espécies encontradas na área a ser inundada.

Os animais identificados no engenho deverão ser encaminhados para outros territórios e os peixes tenderão a buscar outras áreas quando perceberem a mudança no meio, que acontecerá gradualmente. O Rima da Barragem do Engenho Pereira está disponível no site da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH). Ainda não há previsão de data para o início das obras.

domingo, 4 de março de 2012

Audiência pública sobre Barragem no Rio Jaboatão

Por James Davidson



 A CPRH - Companhia Pernambucana de Recursos Hídricos, estará realizando uma audiência pública para discutir a construção da Barragem do Rio Jaboatão no Engenho Pereiras, em Moreno. O evento será realizado no dia 15 de março no Sociète Esporte Clube, próximo a Praça da Bandeira, no centro de Moreno, às 9:30 hs. Talvez o evento conte com a participação e a presença do Governador do estado Eduardo Campos.

 A obra será construída nas terras do antigo Engenho Pereiras e tem como finalidade principal conter as enchentes do Rio Jaboatão. Além disso, pretende fornecer água para a cidade de Moreno e para Bonança, diminuindo o racionamento nessas localidades. O estudo de Impacto ambiental será apresentado e os questionamentos da população deverão ser respondidos. Infelizmente, o autor deste blog estará de viagem nesse dia, não podendo comparecer. Porém, venho através deste convocar a todos os jaboatonenses e morenenses a participarem do evento. Sugiro alguns questionamentos que julgo importantes para o evento:

1- Qual o destino da população da área que vai ser inundada?
2- Se forem indenizados, qual o valor? É um valor justo?
3- O Engenho Pintos, com seu antigo sítio histórico, vai ser inundado, o que pode ser feito para salvar o patrimônio?
4- Jaboatão Centro não usufrui da água da Represa de Duas Unas, também será excluído da água dessa nova represa?
5- Será feito algum estudo arqueológico na região?

 Acredito que essas e outras questões poderão ser resolvidas e esclarecidas durante o evento. Mas pra isso é preciso que a população participe, esteja por dentro do projeto e discuta estes e outros itens. O exercício da verdadeira cidadania exige a participação da comunidade diretamente atingida.

Cocaia

Por James Davidson

Em defesa dos moradores naturais da região do porto de Suape, pescadores e coletores que serão praticamente expulsos de lá, por conta do "progresso" à custa do meio ambiente natural e social, fiz o seguinte poema:

Cocaia



Tudo está tranqüilo agora
Mas o que será amanhã?
O que farão aos caranguejos?
O que será dos manguezais?

Falam em progresso
Em um grande crescimento
Que vai gerar empregos
A crise diminuir

Mas esquecem que o porto
Nada fez pra melhorar
Pois a crise permanece
E a gente como está?

Os tubarões que nos atacam
São a voz da natureza
Que grita por socorro
Pelos mangues destruídos

Mas só falam no petróleo
E no emprego que vai gerar
Busca o mundo outras fontes
Enquanto nós na contramão!

Na Baía de Guanabara
O estrago foi enorme
E a gente que é tão pobre
Como é que vai ficar?

Se não houver mais caranguejos
De onde virá o meu sustento
Não haverá mais rendimento
Se o peixe então sumir.

Mas nos falam que é seguro
Que vai gerar muitos empregos
Mas agora eu tenho medo
Pois eu só sei pescar!

Nos falam muitas coisas
Mas não quero me enganar
Se o óleo então vazar
Me diz: Como é que a gente vai ficar?

quinta-feira, 1 de março de 2012

Antiga Casa de Marilita Martins - atual biblioteca pública

Por James Davidson




O prédio onde funciona a atual biblioteca de Jaboatão (e diga-se de passagem a única biblioteca municipal de Jaboatão) é um dos prédios históricos mais interessantes da cidade. Localizado na Rua Marilita Martins, próximo à estação do metrô, destaca-se por sua beleza e por seu estilo peculiar, bastante distinto dos edifícios do entorno. Por isso, é considerada um dos belos prédios históricos de Jaboatão.





Sua história começa na segunda metade do século XIX. O Barão de Limoeiro, proprietário do Engenho Penanduba, constrói a casa e a dá como dote de casamento da sua filha, que casou com o Dr. Levino de Queiroz Lima. O edifício passou, posteriormente ,a pertencer ao Sr. Bernardino de Sena Pontual e em seguida ao Sr. Alcides Bandeira. Este era casado com a Srª. Marilita Bandeira que, após enviuvar-se, casou com o Sr. Antonio Geraldo Martins de Albuquerque. Daí, o prédio ser conhecido como Casa de "Marilita Martins".




O bairro onde fica a casa hoje faz parte do Centro de Jaboatão, mas antigamente era conhecido como "Nossa senhora do Líbano" e fica no encontro do Rio Duas Unas com o Rio Jaboatão. A casa passou a pertencer à Igreja Congregacional, e, posteriormente, foi adquirida pela prefeitura. Foi transformada, então, na década de 70, de Casa da Cultura e depois teve diversas funções como Secretaria de Turismo, Secretaria de Educação e hoje sedia a Biblioteca Pública de Jaboatão - Benedito Cunha Melo.




O Instituto Histórico de Jaboatão, durante muito tempo, antes de adquirir sua atual sede própria, também funcionou nesse prédio, em uma pequena sala onde hoje é a sala de informática. É muito importante desmentir um mito que ainda persiste sobre o prédio: o de que ali era a "Antiga Casa dos Prefeitos". O edifício nunca teve essa função e nenhum prefeito residiu ali.




O prédio chama a atenção principalmente pela sua arquitetura, bastante distinta do restante da cidade. Constitui um sobrado com colunas de ferro sustentando os alpendres, o que lhe confere um grande valor pela raridade dessa característica na região. O piso é todo ladrilhado e as portas e janelas possuem vitrais coloridos muito bonitos. Os cunhais, portas e janelas possuem cercaduras dentilhadas, o que lhe é bastante peculiar. Um escada de madeira no interior permite o acesso a uma varanda de onde é possível ter uma bela vista da cidade.





A Antiga Casa de Marilita Martins é um bom exemplo de como um prédio histórico pode ser preservado, embora o mesmo precise de uma reforma. Como houve sempre o interesse em lhe atribuir alguma funcionalidade pública, o prédio passou por várias reformas que adaptaram o uso moderno, mas preservaram suas características originais. Prova que é possível sim usufruir do patrimônio sem destruí-lo ou descaracterizá-lo. Se houvesse o interesse das autoridades competentes, o mesmo poderia ser feito com outros prédios que estão desaparecendo como a Antiga Estação, a Casa de Amélia Brandão e o Casarão do Engenho Suassuna. Afinal de contas, a melhor forma de preservar o patrimônio é destinar-lhe um fim social.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Quem lembra do Bar Redondo?

Por James Davidson

Esta é uma foto do antigo Bar Redondo, localizado em Jaboatão Centro. Como em muitos outros casos e descasos do Brasil e de Jaboatão, este prédio foi demolido em 1998 pelo prefeito Newton Carneiro. A razão para isso seria o fato do bar estar supostamente atrapalhando o trânsito. Até hoje o local onde ele ficava continua vazio e, no final das contas, não fez diferença nenhuma para o trânsito! Casos e descasos de Jaboatão! 

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

O que fizeram com a Usina Muribeca?

Por James Davidson


A destruição do Patrimônio Histórico em Jaboatão não para! Depois de mostrarmos o que aconteceu com o que restou de Megaype de Baixo, chega a notícia de que a Usina Muribeca também foi destruída. Apenas o bueiro restou para contar a história. Fomos no local e confirmamos o fato.


No começo de 2011, quando estivemos no lugar, ainda era possível ver os galpões da antiga Usina Muribeca. Sua estrutura feita em ferro estava de pé apesar do tempo. Mas, em recente visita feita neste mês de janeiro, pudemos constatar que apenas o antigo bueiro permanecia de pé. Compare as duas primeiras fotos (antes) com as duas últimas (agora).



A Usina Muribeca foi fundada em 1889, sendo uma das primeiras usinas de açúcar do estado de Pernambuco. Conhecida popularmente por "Usina Gordinu", ficou desativada em 1965. Ao conversar com moradores, eles informaram que não foram simples vândalos que aos poucos destruíram o local, mas que de repente apareceu uma empresa e levou toda a estrutura em ferro: "Vieram tratores e caminhões e homens fardados e de capacete" disse moradora local que não quis se identificar. Não se sabe se a ação foi coordenada por estranhos ou pelos próprios donos da usina.

Mais uma vez vem a pergunta: quando nosso país vai aprender a preservar e a valorizar a nossa história?

domingo, 22 de janeiro de 2012

Aqui jaz Megaípe de Baixo - A segunda destruição de Megaípe

Por James Davidson


Destruíram Megaípe outra vez! Foi o que constatamos em uma visita realizada na última terça-feira, dia 17 de janeiro, pelos engenhos de Muribeca. Ao chegarmos no local onde ficava a sede do célebre engenho, que possuía a mais antiga casa-grande de engenho de Pernambuco, às margens de uma estrada de barro que dá acesso à Megaype de Cima, próximo à Br 101 Sul, descobrimos que tudo tinha sido escavado por um trator! No local vai funcionar mais uma indústria da Zona de Processamento de Exportação de Jaboatão (ZPE) e, por isso,  nada mais resta do antigo engenho.


A casa-grande do Engenho Megaype de Baixo ganhou destaque por ser uma das mais antigas casas de engenho do Estado de Pernambuco. Não se sabe sua data exata de construção, porém, as hipóteses mais pessimistas a situam como sendo do final do século XVII. Além da antiguidade, outro fator que tornava Megaípe especial era seu estilo arquitetônico, uma verdadeira casa senhorial de engenho com volumetria imponente e duas torres lateriais. Mereceu, por isso, ilustrar o livro Casa-grande & Senzala de Gilberto Freyre e a lamentação de Manuel Bandeira e de Júlio Belo, quando foi dinamitada. Foi destruída em 1928, pelo dono da Usina Bom Jesus, Sr. João Lopes de Siqueira Santos que simplesmente não queria a visitação no local e temeu  (sabe lá o quê) quando soube que o engenho seria tombado pelo estado.

Ruínas de Megaype de Baixo - James Davidson

Em janeiro de 2011, em visita ao local, junto com a Secretaria de Cultura do município de Jaboatão dos Guararapes, (ver matéria: http://jaboataodosguararapes.blogspot.com/2011/01/jaboatao-redescoberto-e-coordenacao-de.html) constatamos que ainda existiam as ruínas do Casarão de Megaype de Baixo. Porém, não imaginávamos que seriamos os últimos a ter algum registro daquele engenho. O local foi destruído agora pela segunda vez sem que fosse feita nenhuma pesquisa arqueológica ali. Se o engenho era do século XVII, as pesquisas poderiam revelar detalhes da vida nesse período através dos resquícios arqueológicos encontrados. Porém, até onde pudemos saber, apesar de sua importância, nenhuma arqueólogo nunca esteve no local.


Muito se discute até que ponto vale a pena "impedir" o  "progresso" para salvaguardar o patrimônio. De forma alguma somos contra as inovações tecnológicas e nem o desenvolvimento econômico do país. Antes lutamos para que haja uma conciliação das atividades econômicas com a preservação do meio ambiente natural e cultural. Se ao menos um resgate arqueológico tivesse sido feito, como obriga a lei antes da execução de grandes obras, a perda em Megaype teria sido menor. Mas, infelizmente, vivemos em uma sociedade onde o lucro imediato, acima de qualquer preço, é mais importante que o meio ambiente ou mesmo que o bem estar social.

Agora só resta de Megaype, além das imagens (ver vídeo acima), um pequeno tijolo salvo por mim em 2011, último resquício daquele que foi a mais famosa casa de engenho de Pernambuco. Fica aqui a crítica aos políticos do nosso município que nada ou pouco fazem para salvar a história e o patrimônio do nosso município.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Uma imagem para refletir

Por James Davidson


O que precisamos para ter uma sociedade melhor? O que precisamos para ter um Brasil diferente? Bilhões e bilhões são gastos (e desviados) para tantas coisas, mas esquecem do mais importante: educação! Somente através dela poderemos ter uma sociedade mais justa e que ofereça oportunidades para todos. Por isso, neste anos de 2012, não nos iludamos com promessas, migalhas ou obras políticas, mas vamos lutar para fazer um Moreno e um Jaboatão dos Guararapes melhor! Todos pela educação!

Foto fornecida por Gerson Vicente do núcleo dos Educacionistas de Jaboatão.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Prefeitura desmente destruição da Casa da Cultura

Por James Davidson

Outra do Blog do Roberto Santos. Em nota, a prefeitura informa que não irá destruir o prédio da Casa da Cultura por causa do binário e que o boato seria intriga da oposição. Veja a matéria:


Nota da Prefeitura sobre Casa da Cultura


A Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes informa que a Casa da Cultura de Jaboatão NÃO SERÁ DEMOLIDA, pelo contrário, está sendo reformada para garantir a preservação do patrimônio histórico do município. Essa é mais uma informação que não procede e que foi criada por pessoas que têm interesse político e criam factoides para se favorecer.
Estão sendo investidos R$ 85 mil nos serviços de pintura, reforma dos banheiros, da partes hidráulica e elétrica e de toda madeira que reveste a estrutura do local.  Em abril de 2012, a nova Casa da Cultura será entregue aos jaboatanenses e voltará às atividades. 


Parece que a notícia consistia realmente apenas num boato. Afinal de contas, por que reformar para depois botar abaixo? Porém, em nossa luta em defesa do patrimônio histórico de Jaboatão, esperamos que não somente este prédio seja preservado, como também os demais edifícios de valor histórico e cultural para o município.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Casa da Cultura pode estar ameaçada

Por James Davidson

Matéria publicada no blog Roberto Santos informa que o prefeito pode destruir o prédio da Casa da Cultura, antigo Mercado Público de Jaboatão, para as obras do binário. Veja matéria na íntegra:


Prédio histórico do Jaboatão centro pode ser derrubado por causa do Binário.




Um dos projetos que não foi aprovado no último dia do ano, tratava-se da desafetação dos seguintes prédios públicos, em Jaboatão Centro o antigo prédio onde já funcionou a Câmara dos Vereadores e um matadouro, para quem não lembra, estou postando a foto. Um segundo bem pública é a Maternidade Rita Barradas. Quero aqui levantar a seguinte questão, será que vale a pena derrubar parte da nossa historia com a justificativa do progresso? Será que não temos alternativas, dada às facilidades que a engenharia moderna dispõe hoje?
Segundo um dos vereadores que trabalhou para a não aprovação deste projeto, o assunto deve retornar em fevereiro.

Caso venha a se confirma, a ação será um verdadeiro crime contra a história e o povo de Jaboatão. Construído em 1904 para ser Mercado Público Municipal (veja história na íntegra aqui:http://jaboataodosguararapes.blogspot.com/2009/07/casa-da-cultura-antigo-mercado-publico.html) o prédio é protegido pela Legislação Urbanística básica de Jaboatão e pela lei de tombamento municipal. Apesar de ser um dos poucos edifícios de valor histórico que conseguiu sobreviver ao tempo e, principalmente, ao descaso dos governantes com nossa história, parece que não bastou aos nossos políticos a destruição de tantos outros como o Prédio do Relógio, a Casa da Viscondessa, o Palacete do Sesi, a Casa de Samuel Campelo, a Igreja do Rosário dos Pretos. Desde que a casa-grande do Engenho Megaype de Baixo foi dinamitada, em 1928, que o patrimônio de Jaboatão sofre com a falta de uma política de preservação e valorização da nossa cultura. Por que não citar os recentes casos de destruição como o Prédio da Coletedoria Federal, o Edifício Senzala e o tão polêmico Engenho São Bartolomeu? Quem não lembra do famoso Bar Redondo que certo prefeito demoliu dizendo estar melhorando o trânsito e, no final, acabou não fazendo diferença nenhuma! Mais uma vez um prédio histórico jaboatOnense irá desaparecer sob as mesmas alegações sem fundamentos. Afinal, quem conhece a localidade sabe muito bem que o edifício não irá atrapalhar o trânsito e, se o prefeito quer mais espaço, por que então alargou a calçada do Shopping Yapoatam? Fica aqui a nossa crítica e ficaremos de olho!

domingo, 1 de janeiro de 2012

A população de Jaboatão dos Guararapes

Por James Davidson

De acordo com matéria publicada no Jornal do Commercio, no dia 18 de novembro de 2011, e baseado em dados do IBGE, o município de Jaboatão dos Guararapes tem 644.620 habitantes. Destes, cerca de 25%, habitam na orla de Piedade e Candeias, sendo esta a região mais densamente ocupada de Jaboatão. Veja a distribuição da população por bairros em Jaboatão dos Guararapes:

Candeias - 64.587
Piedade - 64.503
Cajueiro Seco - 52.535
Curado - 46.449
Guararapes - 38.985
Cavaleiro - 38677
Barra de Jangadas - 36.214
Prazeres - 35.594
Vila Rica - 29.722
Zumbi do Pacheco - 28.125
Jardim Jordão - 27.010
Muribeca - 26.147
Sucupira - 25.975
Santo Aleixo - 22.019
Marcos Freire - 20.744
Dois Carneiros - 19.647
Centro - 12.518
Vista Alegre - 10.894
Floriano - 10.724
Engenho Velho - 7.177
Santana - 5.937
Socorro - 5.753
Comportas - 2.869
Muribequinha - 1.953
Manassu - 1.689
Vargem Fria - 799
Bulhões - 156