quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Casa de Amélia Brandão - Mais um patrimônio histórico ameaçado!

Por James Davidson




A casa onde residiu a famosa pianista Amélia Brandão localiza-se no final da Rua Duque de Caxias, em frente a Praça Santos Dumont, próximo aos Correios de Jaboatão Centro e à Primeira Igreja Batista de Jaboatão. Ela é bastante conhecida de todos, pois destaca-se por sua volumetria e arquitetura que indicam ser uma casa bastante antiga. O que poucos sabem é que ela foi residência de umas das artistas mais importantes e conhecidas surgidas em nossa terra: Amélia Brandão!


Amélia Brandão, mais conhecida como Tia Amélia, chamava-se Maria Amélia Brandão Nery e nasceu em 25 de maio de 1893, em Jaboatão. Aprendeu a tocar desde cedo utilizando o piano de seu pai, também músico. Largou o Engenho Jardim, em Moreno, para vir junto com seu marido residir na Rua Duque de Caxias, mesma de seu nascimento. Após a morte de seu marido, lançou-se no mundo artístico tocando belas músicas e percorrendo toda a América representando o Brasil a pedido de Getúlio Vargas. Apresentou programas de TV e de rádio e foi homenageada por Roberto Carlos na música "Minha Tia", em gratidão pela ajuda que recebeu no início de sua carreira. Faleceu em Goiás, em 18/10/1983, com 90 anos de idade e deixando um rico e grande legado artístico. Para quem quiser conhecer mais, é só consultar o livro "Relembrando Tia Amélia" de Adiuza Vieira Belo disponível no Instituto Histórico de Jaboatão.


Apesar da importância que Amélia Brandão teve para a música brasileira, sua antiga residência encontra-se hoje abandonada e correndo sérios riscos de ser demolida. Isso está acontecendo por causa de um impasse jurídico sobre a propriedade da casa que está impedindo que os verdadeiros donos assumam a posse da residência. Enquanto a lenta justiça brasileira não resolve a questão, mais um patrimônio do povo jaboatonense vai desaparecendo.



sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Instituto Histórico de Jaboatão: História e cultura municipal

Por James Davidson



A maioria das pessoas não conhecem o quanto nosso município é rico em história, cultura e tradição. Por isso mesmo, ignoram a existência de lugares interessantes localizados dentro de Jaboatão. Desde os engenhos de açúcar até os monumentos localizados em áreas urbanas, é grande o desconhecimento das riquezas e potencialidades de nossa terra. E um dos locais mais importantes para começar a conhecer a nossa terra é o Instituto Histórico de Jaboatão.





O Instituto Histórico de Jaboatão é composta por pesquisadores e cidadãos interessados na história e geografia de nossa cidade, que atuam na divulgação e valorização da cultura e história jaboatonense. Para isso realizam palestras, cursos entre outras atividades com o intuito de valorizar e divulgar os conhecimentos sobre nossa história. Também realizam pesquisas junto com seus estagiários e membros no sentido de enriquecer o conhecimento sobre nossa gente e nossa terra.


Apesar de existir desde a década de 70, somente no ano de 2007 é que o Instituto Histórico de Jaboatão adquiriu sua sede própria, localizada na Rua Desembargador Henrique Capitulino s/n Centro, Jaboatão dos Guararapes. O atual prédio do instituto funcionou como cadeia pública, tendo sido inaugurado em 1923 pelo governador Sérgio Loreto. Até recentemente, funcionou também como delegacia sendo que o prédio ficou abandonado até que o então governador do estado Mendoça Filho, no ano de 2006, cedeu-o em regime de comodato ao Instituto Histórico de Jaboatão por um período de 6 anos.





Aí então muito faltava para ser feito. O prédio foi deixado em condições precárias, mas o esforço, a persistência e a valentia de sócios e voluntários, com muita dedicação e amor fizeram o impossível se tornar possível. Depois de mais de um semestre de trabalhos e de lutas, no dia 12 de maio de 2007, o Instituto Histórico de Jaboatão pôde inaugurar sua nova sede.


O Instituto Histórico de Jaboatão conta com auditório, galeria de arte, memorial, espaço de arte e sala para pesquisas, estando aberto ao público e recebendo doações de peças e obras que contem a história de nossa terra. Conta também com uma biblioteca com um rico acervo sobre a história de Jaboatão e de Pernambuco como um todo! Enfim é um espaço que é de todos os jaboatonenses que desejam conhecer e aprender um pouco mais sobre suas origens e sobre o que há de interessante em Jaboatão!




terça-feira, 23 de outubro de 2007

Engenho São Bartolomeu

Por James Davidson



O Engenho São Bartolomeu localiza-se próximo ao bairro de comportas, no 1º de Prazeres, às margens da Br 101 sul. É um dos mais antigos engenhos do município que se destaca pela sua rica história, inclusive com presença judaica.


O Engenho São Bartolomeu é um dos mais antigos de Jaboatão, pois consta sua existência em documentos antigos holandeses. Pertencente à Freguesia de Muribeca, seu proprietário mais antigo que se tem registros é Felipe Dias do Vale que o possuiu em 1623. Posteriormente, segundo constam os documentos, o engenho passou a pertencer a Fernão do Vale, irmão do proprietário anterior. Nessa época o engenho era movido a bois. Posteriormente passou a ser movido a água.


Fernão do Vale era cristão-novo, judeu forçado a converter-se ao catolicismo em Portugal. Com a invasão holandesa em Pernambuco, os cristão-novos passaram a revelar sua fé judaica, antes perseguida. Foi deputado representando Muribeca e escabino da Vila de Olinda, tendo que deixar o cargo por ter se declarado judeu.

Fernão do Vale é considerado um dos traidores da conspiração contra os holandeses por ter denunciado os insurgentes ao comando flamengo. Em 15 de agosto de 1646, após as Batalhas de Curcuranas, os holandeses invadiram o Engenho São Bartolomeu e levaram Fernão do Vale e mais outras pessoas dando-lhes destino até hoje incerto. Após isso, o engenho foi vendido e passou nas mãos de vários proprietários até os dias atuais.


A casa-grande do Engenho São Bartolomeu, de um só pavimento, foi construída em alvenaria de tijolos em em taipa (parcialmente) possuindo coberta em telha colonial. É alpendrada com colunas de fuste cilíndrico e base retangular. Suas portas e janelas são em arco abatido. A casa conservava ainda seu mobiliário antigo e a imagem de São Bartolomeu da antiga capela que existia atrás da casa (só restam hoje as ruínas), mas os móveis foram retirado recentemente e a imagem levada para a restauração em Olinda.


A senzala é um edifício térreo feito em alvenaria composta por vários barracões que formam "quartos" com apenas uma porta. Não há mais resquícios de grilhões nem de instrumentos utilizados pelos escravos. Hoje há uma igreja evangélica e uma biblioteca comunitária funcionado na senzala.



Há ainda há na localidade as antigas comportas que eram uma espécie de porta que represeva a água do riacho com diversas finalidades. Estas comportas encontram-se em um pequeno afluente do Rio Jaboatão.



Por fim, há um Baobá centenário junto da casa-grande e uma pequena vila de moradores que completam o cenário desta localidade simples e bucólica. As casas são modestas, típicas das encontradas em ambientes rurais do Nordeste.


O Engenho São Bartolomeu também se destaca por ser o local onde se originou o Bolo Souza Leão, patrimônio do Estado de Pernambuco.



A festa da manga é um evento que todos os anos atraem muitas pessoas da região. Ocorrendo no mês de março, conta com shows, feiras de artesanato, comidas típicas e a tradicional Cavalhada.



O Engenho São Bartolomeu é mais um lugarzinho especial e com muita história pra contar dentro de Jaboatão dos Guararapes.

Engenho Santana - Patrimonio às margens do Rio Jaboatão

Por James Davidson




Próximo ao Loteamento Santa Joana, no bairro de Sucupira, encontra-se o Engenho Santana com sua belíssima Casa-grande e com sua capela, bem nas margens do Rio Jaboatão e próximo à linha férrea. É um dos principais marcos históricos localizados no Distrito de Cavaleiro e um dos engenhos mais antigos do município.
Na verdade, o Engenho Santana surgiu da primeira sesmaria a ser doada em terras da Ribeira do Jaboatão, segundo os registros existentes. Após a expulsão dos índios Caetés que habitavam essa região, por Duarte Coelho de Albuquerque, começou-se a doar terras a fidalgos portugueses para que estes montassem engenhos. Assim, em 1565, Gabriel de Amil recebeu 500 braças de terras localizadas no Vale do Rio Jaboatão, terras estas que só vieram a ser demarcadas em 1572 quando já haviam sido vendidas a Gabriel Prestes que as revendeu ao irmão de Duarte Coelho: Jorge de Albuquerque. Mas o Engenho só veio a ser levantado mesmo quando Simão Falcão e sua esposa D. Catarina Paes, que haviam adquirido o engenho, doaram-no a Lopo Soares como dote nupcial, no ano de 1576.

O Engenho Santana veio a pertencer ainda a João Fernades Vieira, um dos líderes da Insurreição Pernambucana e, nas matas existentes em sua terras, ocorreram muitas reuniões onde foram traçados os planos para expulsar os holandeses do Brasil.

No início do século XX, o Engenho Santana pertencia a Manoel Carneiro Leão que foi prefeito de Muribeca quando esta ainda era município. Posteriormente, pertenceu a D. Nita Carneiro Leão. Nessa época, o engenho já não produzia mais açúcar, pois as atividades realizadas eram a pecuária e a mineração(extração de rochas para a construção civil). Atualmente, o Engenho Santana pertence aos descendentes de D. Nita Carneiro Leão.

O Engenho Santana é composto por um conjunto formado pela casa-grande, capela, vila dos moradores e sede da administração. A casa-grande foi construída em um só pavimento em estilo eclético. Feita em alvenaria de tijolos, possui bom estado de conservação, apesar das várias alterações que sofreu ao longo do século XX. A capela do engenho é anexa a casa-grande e se destaca pela beleza de suas linhas e curvas. Nela há uma placa informativa sobre o engenho.

A vila de moradores é composta por várias casas simples com uma porta e uma janela na fachada, típicas das encontradas em zona rural. Em frente a casa-grande, e próximo ao prédio da administração, há ruínas da moita do engenho, ou seja, a antiga fábrica.

O Engenho Santana constitui um verdadeiro marco histórico de Jaboatão dos Guararapes que, felizmente, ainda se encontra em relativo bom estado de conservação. É mais um local de interesse para todo o povo jaboatonense!

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Jaboatão Centro e os ares do passado

Por James Davidson




O Centro da cidade de Jaboatão, também conhecido como Jaboatão Antigo, é uma das áreas mais antigas do município (ficando atrás apenas de Muribeca) e, por isso, é uma das mais ricas em monumentos históricos e edifícios de valor cultural. Tendo sido sede do município por mais de um século, o Centro de Jaboatão conserva ainda algumas características de uma cidade interiorana e colonial, com aspectos que nos remetem a um passado distante.



Surgida durante o final do século XVI, na confluência de dois rios - O Rio Jaboatão e o Rio Duas Unas - o povoado cresceu através de doações de terras realizadas pelo 3º proprietário do Engenho São João Batista (onde o povoado surgiu), o fidalgo português Bento Luís de Figueirôa. Aproveitando-se dos ataques realizados contra Recife e Olinda pelo corsário inglês James Lancaster, Figueirôa distribui terras a título de aforamento perpétuo àqueles que fugiam da sede da Capitania. É por isso que Bento de Figueirôa e sua esposa Maria Feijó são considerados os fundadores da cidade.



Atacado apenas uma vez pelos holandeses (que caíram logo em seguida pelas mãos do Capitão Luís Barbalho) o povoado foi crescendo ao longo dos séculos seguintes através de doações de terras dos senhores do Engenho São João Batista (posteriormente Engenho Bulhões). O local se destaca por ter sido residência de várias personagens importantes: Frei Jaboatão, Gervásio Pires, Barão de Lucena, Paulo Freire, Amélia Brandão, Benedito Cunha Melo, entre outros.



Com diversos monumentos históricos, em Jaboatão Centro são as igrejas que se destacam, entre elas a Igreja de Santo Amaro que fica localizada no alto de uma colina, destacando-se na paisagem. Fundada em 1598, foi transferida em 1691 para o atual local sofrendo, posteriormente, muitas transformações evidenciadas pela presença de vários estilos arquitetônicos, onde predomina o neoclassicismo. Seu interior possui ornamentos banhados a ouro e os restos mortais de várias pessoas importantes da cidade. Localiza-se na Rua de Santo Amaro.



Outra igreja importante é a Igreja do Livramento dos Homens Pardos, fundada em 1774, de estilo neoclássico e localizada na mesma rua da anterior.


Na parte baixa da cidade encontra-se a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, erguida na década de 50 para substituir a antiga Igreja do Rosário dos Homens Pretos que se localizava na Rua de Santo Amaro e que foi demolida. Possui grande volumetria e elementos bizantinos, estando situada na Praça do Rosário.


A Igreja Evangélica Congregacional, em estilo neogótico, encontra-se em frente à estação do metrô e é a Igreja Evangélica mais antiga da cidade.



Além das igrejas, um outro marco da história do município é a antiga estação do trem, datada de 1885. Localizada na Praça Dantas Barreto, próxima a estação do metrô, foi construída com elementos de ferro o que lhe confere um alto valor arquitetônico. É uma pena que o descaso das autoridades permita o estado de abandono desse monumento. Próximo dali, dois edifícios importantes: A Casa do Barão de Limoeiro e a Antiga Cadeia Pública.



A antiga casa do Barão de Limoeiro é uma bela residência em estilo eclético onde hoje funciona a biblioteca municipal. Localiza-se na Rua Marilita Martins e foi construída provavelmente no final do século XIX.



Já a antiga Cadeia Pública é datada de 1923, construída pelo governador Sérgio Loreto e abriga atualmente o Instituto Histórico de Jaboatão, órgão que conta com biblioteca, galeria de arte, museu (memorial) sobre a história de Jaboatão e de Pernambuco. Localiza-se na Rua Desembargador Henrique Capitulino e funciona de segunda às sextas somente pelas manhãs.


Na Praça Nossa Senhora do Rosário encontra-se o prédio onde funcionou o Antigo Mercado Público, datado de 1904, que funcionou posteriormente como Câmara de vereadores e biblioteca. Ao seu lado, o Edifício Senzala, belo sobrado de estilo eclético que apesar de estar incluído em área tombada a nível municipal teve parte de sua fachada alterada por um supermercado.



O Edifício Leão Coroado é outro importante patrimônio histórico municipal. Fundado em 1917, funcionou como escola e sede da banda municipal. Encontrava-se abandonado e sofrendo sérios riscos de desabamento, apesar de sua bela arquitetura eclética, mas foi recuperado no ano de 2008.


Algumas casas destacam-se na localidade, como a casa onde residiu a pianista Amélia Brandão, importante personagem da história da rádio brasileira. Em estilo eclético e erguida em 1920, localiza-se no final da Rua Duque de Caxias. Já a casa onde residiu o grande pedagogo Paulo Freyre fica localizada no Morro da Saúde, próximo a antiga Escola Piaget.



A cidade possui ainda um casario com edifícios de diversos estilos e épocas, alguns tombados a nível municipal, a exemplo da Rua de Santo Amaro.




Assim, Jaboatão Centro é um lugar onde o passado faz-se ainda muita presente, passado este de glória evocado pelos muitos edifícios históricos ali existentes.




Acesso: A partir do Recife pela Br 232 ou pela Pe 07. O metrô é outra alternativa.