sábado, 24 de março de 2012

Matéria sobre a Barragem do Engenho Pereiras

Por James Davidson

Após a realização da audiência pública sobre a Barragem do Engenho Pereiras em Moreno, o Jc fez a seguinte matéria e vídeo abaixo:

Disponível em:http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cidades/noticia/2012/03/20/parte-de-moreno-sera-inundada-para-evitar-cheias-futuras-36387.php


Parte de Moreno será inundada para evitar cheias futuras

Estrutura será construída no Rio Jaboatão e vai inundar entorno da casa-grande do Engenho Pintos. Compesa promete fim da falta d'água na área sul da RMR


Às margens do Rio Jaboatão, em Moreno, a área no entorno da casa-grande do Engenho Pintos, distante 16 quilômetros do Centro, será inundada com a construção de uma barragem. O objetivo da estrutura é acabar definitivamente com as cheias que costumam afetar o município e parte de cidades vizinhas como Jaboatão dos Guararapes, Grande Recife, e Vitória de Santo Antão, Zona da Mata.
O empreendimento terá como responsável a Compesa, que também promete acabar com problemas de falta d'á-gua na região. Apesar de o projeto prever apenas a inundação do Engenho Pintos, a nova barragem ganhará o nome do Engenho Pereira, que fica ao lado do espaço destinado ao reservatório.
Além de destruir o que restou da estrutura do engenho secular, o empreendimento atingirá terras de um assentamento rural que abriga 400 famílias. São pessoas que conquistaram o direito de viver por lá, há 15 anos, e outras que receberam moradias por herança. Para quem depende da terra para tirar o sustento, a notícia da construção da barragem chegou de repente e assustou.

"É como uma bomba que vai cair nas nossas cabeças. A gente escuta falar nessa obra há muito tempo, mas todo mundo acreditava que era boato. Víamos os pesquisadores entrarem nas terras, mas ninguém nunca chegou para explicar o que ia acontecer no engenho", afirma a agricultora Edna Maria da Silva, 44 anos, uma das responsáveis pela Associação dos Parceleiros do Assentamento Herbert de Souza.

O território do Engenho Pintos é dividido em 147 lotes, administrados por pequenos agricultores. Muitos começaram a ocupar os terrenos com lonas. Atualmente, cada um tem seu espaço e todos plantam nas áreas comuns. Nem todas as casas do assentamento vão ser inundadas, mas quem vai ter que mudar de endereço teme o difícil recomeço.
"Trabalhar a terra do zero, encontrar um lugar tão bom para plantar, com um rio maravilhoso como o que temos aqui do lado de casa vai ser muito difícil. Todo mundo aqui é apegado a essas terras, ver acabar tudo é cruel", diz a agricultora Betânia Francisca da Silva, 37. A família de Cleide Josefa dos Santos, 46, foi criada no engenho e não pensa em outro lugar para morar. "É o nosso paraíso. A gente planta de tudo e é muito tranquilo", conta.
Caberá à Compesa recompensar as famílias pela destruição de suas casas. "Cada morador vai ter o direito de escolher se prefere ser indenizado ou reassentado. O valor da indenização e os detalhes dessa negociação ainda serão acertados", disse o diretor regional metropolitano da Compesa, Rômulo Aurélio de Melo, durante audiência pública ocorrida na última quinta-feira no Centro de Moreno.

Na ocasião, foi apresentado à população o Relatório de Impacto Ambiental (Rima) da barragem, desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep). De acordo com a coordenadora técnica da instituição, a geógrafa Edvânia Torres Aguiar Gomes, uma das ações de redução de impacto ambiental que deverá ser posta em prática pela Compesa é o replantio das espécies encontradas na área a ser inundada.

Os animais identificados no engenho deverão ser encaminhados para outros territórios e os peixes tenderão a buscar outras áreas quando perceberem a mudança no meio, que acontecerá gradualmente. O Rima da Barragem do Engenho Pereira está disponível no site da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH). Ainda não há previsão de data para o início das obras.

domingo, 4 de março de 2012

Audiência pública sobre Barragem no Rio Jaboatão

Por James Davidson



 A CPRH - Companhia Pernambucana de Recursos Hídricos, estará realizando uma audiência pública para discutir a construção da Barragem do Rio Jaboatão no Engenho Pereiras, em Moreno. O evento será realizado no dia 15 de março no Sociète Esporte Clube, próximo a Praça da Bandeira, no centro de Moreno, às 9:30 hs. Talvez o evento conte com a participação e a presença do Governador do estado Eduardo Campos.

 A obra será construída nas terras do antigo Engenho Pereiras e tem como finalidade principal conter as enchentes do Rio Jaboatão. Além disso, pretende fornecer água para a cidade de Moreno e para Bonança, diminuindo o racionamento nessas localidades. O estudo de Impacto ambiental será apresentado e os questionamentos da população deverão ser respondidos. Infelizmente, o autor deste blog estará de viagem nesse dia, não podendo comparecer. Porém, venho através deste convocar a todos os jaboatonenses e morenenses a participarem do evento. Sugiro alguns questionamentos que julgo importantes para o evento:

1- Qual o destino da população da área que vai ser inundada?
2- Se forem indenizados, qual o valor? É um valor justo?
3- O Engenho Pintos, com seu antigo sítio histórico, vai ser inundado, o que pode ser feito para salvar o patrimônio?
4- Jaboatão Centro não usufrui da água da Represa de Duas Unas, também será excluído da água dessa nova represa?
5- Será feito algum estudo arqueológico na região?

 Acredito que essas e outras questões poderão ser resolvidas e esclarecidas durante o evento. Mas pra isso é preciso que a população participe, esteja por dentro do projeto e discuta estes e outros itens. O exercício da verdadeira cidadania exige a participação da comunidade diretamente atingida.

Cocaia

Por James Davidson

Em defesa dos moradores naturais da região do porto de Suape, pescadores e coletores que serão praticamente expulsos de lá, por conta do "progresso" à custa do meio ambiente natural e social, fiz o seguinte poema:

Cocaia



Tudo está tranqüilo agora
Mas o que será amanhã?
O que farão aos caranguejos?
O que será dos manguezais?

Falam em progresso
Em um grande crescimento
Que vai gerar empregos
A crise diminuir

Mas esquecem que o porto
Nada fez pra melhorar
Pois a crise permanece
E a gente como está?

Os tubarões que nos atacam
São a voz da natureza
Que grita por socorro
Pelos mangues destruídos

Mas só falam no petróleo
E no emprego que vai gerar
Busca o mundo outras fontes
Enquanto nós na contramão!

Na Baía de Guanabara
O estrago foi enorme
E a gente que é tão pobre
Como é que vai ficar?

Se não houver mais caranguejos
De onde virá o meu sustento
Não haverá mais rendimento
Se o peixe então sumir.

Mas nos falam que é seguro
Que vai gerar muitos empregos
Mas agora eu tenho medo
Pois eu só sei pescar!

Nos falam muitas coisas
Mas não quero me enganar
Se o óleo então vazar
Me diz: Como é que a gente vai ficar?

quinta-feira, 1 de março de 2012

Antiga Casa de Marilita Martins - atual biblioteca pública

Por James Davidson




O prédio onde funciona a atual biblioteca de Jaboatão (e diga-se de passagem a única biblioteca municipal de Jaboatão) é um dos prédios históricos mais interessantes da cidade. Localizado na Rua Marilita Martins, próximo à estação do metrô, destaca-se por sua beleza e por seu estilo peculiar, bastante distinto dos edifícios do entorno. Por isso, é considerada um dos belos prédios históricos de Jaboatão.





Sua história começa na segunda metade do século XIX. O Barão de Limoeiro, proprietário do Engenho Penanduba, constrói a casa e a dá como dote de casamento da sua filha, que casou com o Dr. Levino de Queiroz Lima. O edifício passou, posteriormente ,a pertencer ao Sr. Bernardino de Sena Pontual e em seguida ao Sr. Alcides Bandeira. Este era casado com a Srª. Marilita Bandeira que, após enviuvar-se, casou com o Sr. Antonio Geraldo Martins de Albuquerque. Daí, o prédio ser conhecido como Casa de "Marilita Martins".




O bairro onde fica a casa hoje faz parte do Centro de Jaboatão, mas antigamente era conhecido como "Nossa senhora do Líbano" e fica no encontro do Rio Duas Unas com o Rio Jaboatão. A casa passou a pertencer à Igreja Congregacional, e, posteriormente, foi adquirida pela prefeitura. Foi transformada, então, na década de 70, de Casa da Cultura e depois teve diversas funções como Secretaria de Turismo, Secretaria de Educação e hoje sedia a Biblioteca Pública de Jaboatão - Benedito Cunha Melo.




O Instituto Histórico de Jaboatão, durante muito tempo, antes de adquirir sua atual sede própria, também funcionou nesse prédio, em uma pequena sala onde hoje é a sala de informática. É muito importante desmentir um mito que ainda persiste sobre o prédio: o de que ali era a "Antiga Casa dos Prefeitos". O edifício nunca teve essa função e nenhum prefeito residiu ali.




O prédio chama a atenção principalmente pela sua arquitetura, bastante distinta do restante da cidade. Constitui um sobrado com colunas de ferro sustentando os alpendres, o que lhe confere um grande valor pela raridade dessa característica na região. O piso é todo ladrilhado e as portas e janelas possuem vitrais coloridos muito bonitos. Os cunhais, portas e janelas possuem cercaduras dentilhadas, o que lhe é bastante peculiar. Um escada de madeira no interior permite o acesso a uma varanda de onde é possível ter uma bela vista da cidade.





A Antiga Casa de Marilita Martins é um bom exemplo de como um prédio histórico pode ser preservado, embora o mesmo precise de uma reforma. Como houve sempre o interesse em lhe atribuir alguma funcionalidade pública, o prédio passou por várias reformas que adaptaram o uso moderno, mas preservaram suas características originais. Prova que é possível sim usufruir do patrimônio sem destruí-lo ou descaracterizá-lo. Se houvesse o interesse das autoridades competentes, o mesmo poderia ser feito com outros prédios que estão desaparecendo como a Antiga Estação, a Casa de Amélia Brandão e o Casarão do Engenho Suassuna. Afinal de contas, a melhor forma de preservar o patrimônio é destinar-lhe um fim social.