quarta-feira, 2 de março de 2011

O Relevo de Jaboatão dos Guararapes

Por James Davidson


O relevo é um dos aspectos ambientais mais importantes da paisagem de qualquer município. Além de influenciar na configuração urbana e no processo de formação do território é um dos componentes que mais influenciam o meio ambiente. Por isso, sua melhor compreensão é necessária para um manejo sustentável e adequado do solo.



O relevo de Jaboatão dos Guararapes pode ser dividido em três grandes domínios principais a saber: terraços marinhos, planície litorânea e morros/colinas. Todos estes domínios foram formados ao longo de milhares e milhões de anos tendo como principais fatores determinantes a litologia, as atividades tectônicas e o clima do município.


O domínio dos morros, montes e colinas abrange a maior parte do território municipal (cerca de 70%) predominando no norte, oeste e sudeste do município. São topografias de altitudes variadas sendo o ponto mais alto a Serra da Macambira, com aproximadamente 255m de altitude. Esses morros e colinas foram desenvolvidos em sua maior parte sobre rochas cristalinas e metamórficas, que dominam a maior parte do município, sofrendo com o intemperismo resultante do clima quente e úmido da região. Apenas uma pequena parte desse domínio foi desenvolvido sobre as rochas da Formação Barreiras (3 a 5%), como é o caso dos Montes Guararapes e dos morros limítrofes ao município do Recife. A ocupação irregular e desordenada desses espaços ocasiona muitas as vezes as chamadas "quedas de barreiras" trazendo prejuízos para a população. 


O domínio de Planície inclui formas como as pequenas planícies fluviais, planície fluvio-lacustre e formas marinhas. Constituem áreas de topografias planas e de baixa altitude. As planícies fluviais são áreas baixas mais conhecidas como várzeas, situadas às margens dos rios e riachos, geralmente localizadas entre os morros e colinas, mas também presentes em outros domínios. Destaque para a planície fluvial do Rio Jaboatão que forma alguns terraços fluviais em alguns trechos e que está descaracterizadas em outros por causa da exploração de areia.



A planície fluvio-lacustre abrange uma enorme região em torno da Lagoa Olho D´água e do baixo Rio Jaboatão. Constitui a maior parte de toda a planície do Distrito de Prazeres e foi formada durante a última transgressão marinha do Holoceno, quando houve o afogamento da região, gerando corpos lagunares como a Lagoa Olho D´água. Já as formações marinhas incluem a estreita faixa de areia na borda da praia sob a ação constante das ondas e marés.


Os terraços marinhos constituem formas de altitudes moderadas (entre 2 a 8 metros) cuja origem está relacionada com a oscilação do nível do oceano ao longo do Quaternário. Dois terraços destacam-se dentro do território de Jaboatão dos Guararapes. O primeiro, chamado de terraço marinho superior, tem entre 8 e 10 metros de altitude e teve origem durante o Pleistoceno, após a penúltima transgresão marinha há cerca de 120.000 anos atrás. Estão bastante descaracterizados atualmente devido à exploração de areia, mas ainda podem ser vistos em torno da linha férrea do Cabo-Curado, em Prazeres. O segundo terraço, com altitudes menores (cerca de 3 a 5 metros), chamado de terraço inferior, situa-se paralelo ao litoral e a pouca distância da praia. Originou-se após a última regressão marinha que sucedeu à ultima transgressão, ainda no Holoceno. Podem ser facilmente identificados pelas pequenas elevações que antecedem a praia nos bairros de Piedade ou Candeias. Estão atualmente bastante ocupados com edifícios e residências, mas sofrem com o processo de avanço do mar que resulta em erosão.


A compreensão do relevo e de suas formas é fundamental para um melhor planejamento do espaço municipal e dos riscos e potenciais que cada unidade oferece para a ocupação adequada do território.