quinta-feira, 27 de abril de 2017

O Túnel do Engenho Suassuna

Por James Davidson


Tivemos notícia em 2011 da existência de um possível túnel em terras da Usina Jaboatão, antigo Engenho Suassuna. Junto com o colaborador e amigo Alexandre Roseno, partimos para a localidade a fim de encontrar mais informações e, se possível, identificar o possível túnel. Após entrevista com o sr. Otacílio (ex-condutor de máquinas da usina) pudemos confirmar a existência do referido túnel, mas a primeira tentativa de localizá-lo foi bastante frustrada, após uma longa tarde sob o sol e com várias pessoas ajudando a retirar os matos.
Semanas mais tarde recebemos a informação de um morador que conhecia o local exato e, de posse das ferramentas, pudemos finalmente localizá-lo. Tratava-se de uma pequena abertura de um pouco mais de um metro, construída em alvenaria de tijolos, formando um arco pleno, situada numa encosta abaixo de uma antiga estrada. Feita a limpeza do terreno na boca do mesmo, adentramos na estrutura, imersos na curiosidade natural de quem acaba de descobrir uma coisa nova. Quem sabe o túnel pudesse desvendar mais sobre o passado da localidade, já que o Engenho Suassuna tinha sido levantado por cristãos-novos e tinha participado de movimentos importantes da história pernambucana.
Foi decepcionante, porém, perceber que a dita estrutura seguia por apenas míseros 5 metros terra adentro, finalizando numa galeria de barro cru e nu, sem ter aparentemente qualquer indício de continuidade que o trajeto seguisse mais além. O mistério da existência ou não do dito túnel tinha finalizado, mas ficava a pergunta sobre a utilização daquela entrada numa encosta que aparentemente não ia a lugar algum.
As lendas locais, disseminadas por populares, afirmavam que o dito túnel teria sido construído pelos holandeses ou contemporâneos, e que tinha por destino a Muribeca ou os Montes Guararapes. Exageros à parte, o fato é que dificilmente um túnel com tal trajeto seria possível, dada a estrutura geológica do trecho em questão. Outra hipótese mais plausível, é que seria um esconderijo ou um paiol de armas, já que relatos orais afirmam que uma arma já fora encontrada no local antes, fato que não tivemos a devida comprovação.


Sabe-se que o Engenho Suassuna teve grande participação em movimentos célebres da história pernambucana, como a Conspiração dos Suassuna, a Revolução de 1817, a Confederação do Equador, etc. Não se sabe se o possível túnel teve alguma relação com esses eventos, mas uma possível correlação não pode ainda ser descartada. Outra hipótese possível, que julgo mais conveniente, é que ali tenha funcionado uma antiga bueira de engenho, cujo corpo vertical foi retirado, restando somente a boca - entrada da fornalha. Corrobora para isso o fato do teto do túnel apresentar sinais de fogo e a existência de uma bueira similar localizada na Usina N.S. Auxiliadora, em Moreno.


domingo, 2 de abril de 2017

História do Bairro do Curado - Jaboatão

Por James Davidson


O distrito do Curado é subdividido em 5 comunidades limítrofes que são: Curado I, II, III, IV e Curado V. Localiza-se no setor norte do município do Jaboatão dos Guararapes, em áreas próxima com o Recife e com o município de São Lourenço da Mata. É de fácil comunicação, sendo atravessado pelas rodovias Br 232 e 408, bem como pelas linhas do metrô e de trem.


A história da localidade tem início no período colonial. Todas as terras do atual Curado pertenciam à vários engenhos de açúcar. Entre esses, destaque para o engenho São Francisco da Várzea, cuja vastíssima sesmaria abrangia quase toda a região. Tinha esta o tamanho de uma légua em quadro, extendendo-se  desde o Engenho São João, a leste, até o antigo Engenho Camassari, a oeste. Ao norte esta sesmaria chegava a São Lourenço da Mata e ao sul limitava-se com os engenhos Curado e Santo Amaro.


O Engenho São Francisco pertencia inicialmente a Francisco do Rego Barros, em 1593, juiz da Câmara de Olinda. Durante o período holandês (1630-1654) chegou a ser invadido pelas tropas invasoras, quando então pertencia a Dona Maria Barboza, em 1633, logo após o ataque efetuado por eles ao povoado de Jaboatão. Posteriormente, foi adquirido por André Vidal de Negreiros.


Pela demarcação feita em 1624, o Engenho São Francisco da Várzea tinha as seguintes confrontações: nascente com os Engenhos São Cosme e São João; ao sul com o Engenho São Sebastião ou Curado (pertencente ao capitão Salvador Curado, vindo daí a denominação Curado); e ao oeste com terras do Engenho Camassari; ao norte com o Engenho Muribara.


O genro de Vidal de Negreiros, capitão Diogo de Cavalcanti de Vasconcelos, é o seguinte proprietário. Ele anexa à propriedade um partido de terras denominado Cova de Onça. Em 1754 era dono do engenho o senhor Manuel Ferreira da Costa que desmembrou partes do Engenho São Francisco onde foram levantados os engenhos Mussaíba e Penedo. No início do século XIX, pertencia ao senhor Joaquim Canuto de Figueiredo que herdou a propriedade de seu sogro, em 1822, o morgado Francisco Pereira de Castro.


No final do século XIX, o engenho pertence ao senhor Francisco do Rego Barros de Lacerda. Ele introduz vários melhoramentos no engenho a partir de 1873, inclusive trilhos ferroviários para o transporte de cana. Foi assim o Engenho São Francisco um dos primeiros engenhos do estado a se transformar em usina.


A região do atual bairro permaneceu como área rural durante boa parte do Século XX. Os canaviais e sítios dos engenhos São Francisco, Santo Amarinho, Cumbe, Mussaíba e Cova da Onça foram por muito tempo a paisagem dominante da região.  Esta situação começou a mudar a partir de 1965, com a construção da BR 232. Logo em seguida, é instalado o distrito industrial do Curado, com fábricas de sorvetes, bebidas, pilhas, etc. Anos mais tarde é implantado o Terminal Rodoviário do Recife - TIP, contribuindo assim para o crescimento econômico e populacional da região.


No final da década de 1970, houve a implantação dos conjuntos residencias que deram origem ao Curado. O Curado I foi instalado em terras do antigo Engenho Cumbe, no ano de 1978. Já os conjuntos Curados II, III e IV foram instalados em terras dos engenhos Santo Amarinho, Cova de Onça e São Francisco, a partir de 1978. Sua construção contou com recursos do banco Nacional de Habitação e contava com prédios de quatro e três andares e com casas térreas.



Apesar de planejado, o bairro careceu desde o início de áreas de lazer, como praças e parques. Outros problemas surgiram por conta das ocupações desordenadas nos espaços livres entre os prédios. Os Curados integrava inicialmente o distrito de Cavaleiro. No ano de 1996, o Curado passou a ser distrito do município do jaboatão, pela lei municipal n° 268 de 24 de dezembro de 1996. O Curado é hoje um dos distritos mais importantes e dinâmicos do Jaboatão dos Guararapes, com uma população total de 46.449 habitantes em 2010.







Suassuna (Poema)

 Por James Davidson Suassuna, Rio de águas cristalinas Corre pro Jaboatão, desce da Macambira Seu nome de memórias ancestrais Presença judai...