quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

Rio Jaboatão - Poema de James Davidson

 Por James Davidson



Jaboatão,

Em tuas nascentes

Fico eu a contemplar

Água limpa

Água Pura

Difícil de imaginar!

 


Jaboatão

Em tuas nascentes

Faz a terra irrigar

Água limpa, cristalina

Nossos sonhos fez brilhar!

 


Jaboatão

Que desce a serra

Já na zona canavieira

Entre os montes e colinas

Corta vales e engenhos

Em sua jornada rumo ao mar!

 


Jaboatão que corta as terras

Entre Vales e Engenhos

Pelas várzeas canavieiras

Vem de Pacas, Genipapo,

Ribeirão e Taquary

São Francisco e Laranjeiras

 


Jaboatão com suas águas

Fazia Movimentar

As antigas rodas d’águas

Do açúcar secular

Em Pintos e Jussara

Sua história faz contar.

 


Jaboatão que em Morenos

Foi fazendo mais história

Ergueu fábrica, fez cidade

Banhou vilas operárias

Formou sede de engenhos

Onde até Dom Pedro se hospedou!

 


Jaboatão deixa Moreno

Em terras do Engenho Caxito

Passa na Usina Bulhões

“Olha a Calda”

“Tem peixe morto”

“Eita espuma mal-cheirosa”

Chega em Jaboatão Centro

Água escura, água morta!

 



Mais à frente vem a fábrica

Chamada de Portela

Tem soda cáustica, tem fumaça

Contamina toda a água

Na Volta do Caranguejo

Formava grossa crosta!

 



Segue em frente rumo ao mar

Recebe seus afluentes

O Carnijó, o Duas Unas,

O Manassu, o Mussaíba

O Muribeca, o Suassuna,

Agredidos Mutuamente!

 



Dois Carneiros vai chegando

E faz incrível volta

Do Leste, vira ao Sul

Na direção da Muribeca

E tem lixão, e tem esgoto

Tem enchente e invasão

O “progresso” na contramão”

 



O Jaboatão que corta a várzea

Em sua jornada ao oceano

Passa Comportas, vem Pontezinha

Tem Curcuranas e Olho D’água

E na Praia do Paiva

Vê o Pirapama, antes do Atlântico.

 



Jaboatão, em seu estuário

Forma imenso manguezal

Fonte de renda, fonte de vida

E de beleza sem igual!

 




O Jaboatão se lança ao mar

Lá em Barra de Jangadas

Mas sua jornada não acaba

Se renova como as águas

Novo ciclo se inicia

Água limpa em sua nascente

Renova em mim a esperança

De um novo futuro lá na frente!



segunda-feira, 19 de maio de 2025

Manassu

 Por James Davidson



Manassu. A palavra é de origem indígena e significa "grande tempestade". Pra mim o lugar tem um significado bem mais especial. Foi em Manassu onde muitas vezes juntei forças pra se recuperar de uma terrível depressão que me acometeu nos anos de 2001 e 2002. Conheci o lugar graças ao meu amigo Felipe Leandro (por onde anda?) e passei depois a explorar a região sozinho. Ali ainda se encontra a Capela e a casa-grande do Engenho Manassu e as ruínas da primitiva casa de engenho e da Fábrica de Louças que chegou a ser construída mas nunca entrou em atividades. Por ali nasce e corre o Riacho Manassu, com inúmeras nascentes que descem da Mata. Este Rio, que corta o populoso bairro de Santo Aleixo, Cascata e Engenho Velho parece ali um modesto riacho, cujas águas ainda não estão contaminadas com dejetos industriais. Pelo caminho muitas azeitonas pretas e ciriguelas cujo sabor me remete de imediato à infância no bairro da Cascata. Dizem que essas azeitonas ajudam a prevenir o câncer de próstata e outras doenças. Em direção ao norte, junto à entrada que leva à Cova de Onça, muitas flores nativas, espécies da Mata Atlântica e árvores frutíferas. Tentei em vão localizar os restante dos aquedutos que conduzia água do Açude Manassu, hoje extinto para a sede do Engenho. Mais à frente alguns sítios e granjas donde nascem os formadores do Riacho Manassu. Não vi mais a congregação da Assembleia de Deus de Mussaíba que meu avô visitava no passado. Na volta gratidão à Deus por ter podido ir e voltar em paz por um lindo lugar que marcou positivamente o passado!




Manassu

 

Manassu, de Matas Verdejantes

Teu clima é agradável

Teu vento é refrescante

Tuas águas cristalinas

Trazem vida então pulsante

 


Manassu, de origens indígenas

Do tupi “Grande tempestade”

Nos revela a majestade

Da natureza revigorante


 

Manassu, rio de águas limpas

Outrora então potáveis

No passado movia engenhos

Girava as rodas d’águas

Hoje jaz poluída

Suja, contaminada!

 


Manassu que tens história

Em seus engenhos, suas matas

O Manassu, O Goiabeira

Entre Rios e Cananduba

Moíam com tuas águas.

 


Tuas águas antes potáveis

Hoje jazem na memória

Da Cachoeira da Cascata

Dela só restam histórias!







terça-feira, 8 de abril de 2025

Suassuna (Poema)

 Por James Davidson


Suassuna, Rio de águas cristalinas
Corre pro Jaboatão, desce da Macambira
Seu nome de memórias ancestrais
Presença judaica, origem indígena.



Suassuna, de remota colonização
Nome de antigo engenho, depois Usina
Enche as Várzea de canaviais
Verdes Matas, altas colinas!


Suassuna, dos tempos dos holandeses
De velhas batalhas, novos interesses
Sempre presente na história pernambucana
Desde os Guararapes até o presente!



Suassuna, de famílias tradicionais
Dos Albuquerque, Cavalcanti
Dos Correias, dos Soares
Dos Brasões senhoriais.


Berço dos Suassuna, raiz do Jaboatão
Da coragem pernambucana
Do heroísmo, independência
Da Magna Revolução!


Suassuna e seu velho "sobrado"
Belo e rico patrimônio
Que jazem em ruínas
Mesmo sendo bem tombado


Sua velha casa-grande
Que resistem na história
Seus fantasmas e escadas
Sobrevivem na memória!

(James Davidson - In memorian de Alexandre Roseno)





Revendo o Morro da Macambira

 Por James Davidson


O Morro da Macambira fica localizado entre os municípios do Moreno e do Jaboatão dos Guararapes, na encruzilhada que limita os engenhos Macujé, Canzanza e Caraúna. Com 255 metros de altitude, é o ponto mais alto do Jaboatão, sendo desconhecido pela maioria dos moradores, pois relativamente distante da sede urbana do município. A Macambira consiste num conjunto de três morros de relativa altitude, facilmente de identificar na paisagem por quem percorre a zona rural de Jaboatão ou de Moreno, destacando-se por possuir algumas torres da Chesf em seu cume. Seu nome faz referência a uma bromélia muito presente na região.




O Morro da Macambira tem origem num batólito de granito com idade remontando a Orogenia Brasiliana, há 600 milhões de anos atrás, durante a formação da Gondwana Ocidental. Durante a abertura do Oceano Atlântico, tendo início há 200 milhões de anos atrás, a região foi impactada pelo rift do Cabo, abrindo-se várias falhas secundárias perpendiculares, como o Graben da Muribeca e a Falha de Gurjaú. Nesta última se formou o Vale do Rio Gurjau, onde se encontram boa parte dos engenhos de Moreno (Gurjau de Baixo, de Cima, Caraúna, Mato Grosso, etc.) A Macambira porém ficou à margem desses eventos, tendo como consequência seu soerguimento em relação à paisagem vizinha, fato que fez desse morro o principal divisor de águas da área, separando os coletores que correm para o Jaboatão, a leste e norte daqueles, que correm para o Gurjaú, ao oeste e sul.





 A identificação do Morro da Macambira como ponto mais alto de Jaboatão se deve às pesquisas de Orlando Breno de Araújo, autor do livro Jaboatão Sua Terra Sua Gente. Segundo ele, no Morro da Macambira já existiu há algumas décadas atrás uma furna, a denominada Gruta da Macambira, formada por matacões de granito. Infelizmente, essa formação foi dinamitada por exploradores de pedreiras, privando a paisagem de uma belíssima formação natural. Atualmente ao seu redor predominam plantações de cana-de-açúcar dos engenhos Macujé, Canzanza e Caraúna, bem como alguns fragmentos de Mata Atlântica que resistem, apesar do avanço dos canaviais. Na Macambira também estão a nascentes de vários Riachos: Suassuna, a leste que corre para o Jaboatão e seu sub-afluente Riacho do Açude; Secupeminha, ao sul, que corre para o Gurjaú; Carjnijó, ao norte, em terras do Engenho Jardim, que corre para o Jaboatão; Arroio Canzanza, ao sul, que corre para o Rio Gurjaú, entre outros.






Do Cume do Morro da Macambira se avista todos os arredores do Recife, desde Olinda até o Porto de Suape. As cidades do Moreno, Jaboatão, Cabo e do Recife são visíveis do alto bem como o Distrito de Matriz da Luz em São Lourenço da Mata. Destaque para o marco geodésico do IBGE, situado no local mais alto do morro, tendo sido posto no local pra servir como referência de nível e marcar a linha reta que separa os municípios do Moreno e do Jaboatão dos Guararapes. Seu acesso se dá pela Ladeira do Tundá que, segundo relatos orais vem em referência a um escravizado fugido que se abrigou no local no século XIX.




Rio Jaboatão - Poema de James Davidson

 Por James Davidson Jaboatão, Em tuas nascentes Fico eu a contemplar Água limpa Água Pura Difícil de imaginar!   Jaboatão Em...