quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A questão da distribuição de água em Jaboatão

Por James Davidson
Imagens da Represa de Duas Unas


A água é um elemento indispensável à vida e à saúde das populações humanas e dos seres vivos em geral. Sua escassez ou má qualidade ocasiona diversos transtornos e problemas para a saúde das pessoas que dependem deste precioso líquido para viver, alimentar-se e para manter a higiene pessoal. Diversas são as doenças e muitas as dificuldades enfrentadas por quem não tem acesso a uma água de qualidade. Por isso, é imprescindível que a água chegue limpa e saudável nas residências, e que a sua distribuição ocorra de forma igualitária.


Contudo, em Jaboatão, a questão da distribuição da água é um problema que desde muito tempo tem agravado a situação de muitas comunidades. Apesar de possuir uma das quatro maiores represas da RMR e de ter boa parte de seu território incluído na zona de proteção dos mananciais, o município é um dos que mais sofrem com a falta d'água, com os constantes racionamentos e, quando a água chega vem suja e muitas vezes apenas de madrugada.


Jaboatão é um municipio que não deveria sofrer com a falta de água e com os constantes racionamentos. Situado na zona úmida costeira do estado e cortado por rios perenes, o município é relativamente rico em recursos hídricos e, por isso, possui cerca de 22,6 % de seu território situado na zona de proteção dos mananciais(de acordo com a lei estadual n°9860 de 12/08/1986). Possui ainda a Represa de Duas Unas, no rio de mesmo nome, que fica situada na parte norte de Jaboatão, bem às margens da Br 232 e que é uma dos grandes reservatórios da RMR com 24,2 milhões de m³ de capacidade. Então por que é que Jaboatão sofre tanto com os racionamentos e a falta de água?

Um dos principais motivas desta carência é a incompetência da COMPESA, órgão responsável pela distribuição. Enquanto a população sofre com a falta d'água nas torneiras, a água escorre livremente pelas ruas em vários pontos da cidade por inúmeros canos quebrados que muitas vezes só são consertados após semanas e até meses. E não adianta a população reclamar que eles sempre dizem que vão resolver e nunca resolvem. O mesmo problema ocorre em relação a água suja que chega nas torneiras. Em muitos bairros como as "Malvinas" em Jaboatão Centro, a população é obrigada a receber uma água imunda, escura e com odor de fossa e quando reclama na agência da COMPESA local  é ironizada pelos atendentes que prometem resolver o problema mas nunca resolvem. É o retrato do verdadeiro descaso e desrespeito com as comunidades que pagam todos os meses a taxa e que não faltam com os seus compromissos.


Uma outra questão importante é a desigualdade de tratamento que é dado às comunidades de acordo com o nível de renda. Enquanto comunidades mais pobres e carentes como Jaboatão Centro e aquelas que vivem em torno da Lagoa Olho D'água (ver o blog da Lagoa) sofrem com a falta de água, o mesmo já não acontece com as comunidades mais ricas. O caso de Jaboatão Centro, por exemplo, é um verdadeiro absurdo pois a Represa de Duas Unas encontra-se a menos de 4 km da localidade, mas água é quase toda desviada para o abastecimento do Recife, enquanto a comunidade fica dependendo de Tapacurá que nada tem a ver com Jaboatão e é uma água mais suja e de péssima qualidade. É terrível saber que a população sofre com os racionamentos de até semanas, enquanto a nossa água encontra-se a poucos quilômetros de distância, mas não chega em nossas torneiras.

O Estado de Pernambuco vive um momento de euforia por causa da construção da Represa de Pirapama, no Cabo de Santo Agostinho. De fato o empreendimento é uma grande obra que trará melhorias e que merece os nossos elogios. Contudo, uma pergunta incomoda: Será que a água de Pirapama vai realmente abastecer as comunidades carentes mais próximas ou, assim como a Represa de Duas Unas em Jaboatão Centro, só vai beneficiar as comunidades ricas da zona sul? Fica aí a questão para ser respondida.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Igreja Congregacional de Jaboatão - A Igreja evangélica mais antiga do município.

Por James Davidson


Resgatar e divulgar a história de templos católicos no Brasil tem sido uma tarefa que muitos historiadores vêm realizando com bastante frequência no país. Contudo, quando se trata de resgatar a história de outras religiões poucos são aqueles que se dispõem a fazê-lo e, principalmente, quando se trata da religião evangélica no Brasil, é um trabalho raro e quase que praticamente inexistente. Isso mesmo com os evangélicos representando cerca de 30% da população do Brasil! Tendo isto em vista, decidi contar um pouco sobre a primeira igreja evangélica de Jaboatão - A Igreja Congregacional de Jaboatão - em Jaboatão Centro. Minha principal fonte de pesquisa é um livro intitulado "100 anos de Proclamação" da autora Doroty Elizabeth que fala sobre a história dessa igreja. E que história!

Durante os primeiros anos de colonização, conforme podemos constatar no livro "Denunciações e confissões de Pernambuco", já existia no Engenho Suassuna, entre 1593 e 1595, pessoas acusadas de judaísmo, heresia e de não se submeterem aos dogmas da fé católica. Destaca-se o caso de um inglês que foi denunciado ao Santo Ofício por não prestar culto às imagens e que era protestante. Durante a invasão holandesa ao Nordeste Brasileiro, houve um aumento da presença tanto de judeus como de protestantes luteranos e calvinistas em Pernambuco. Muitos pastores exerciam ofícios religiosos em Recife, Paraiba e outros lugares e a liberdade de culto eram um dos principais motivos da revolta dos luso-brasileiros. "O ódio aos judeus e protestantes" é bem explícito em obras de autores da época como "O Castrioto Lusitano" e "História da Guerra de Pernambuco".

No final do século XIX, já existia em Jaboatão alguns protestantes brasileiros, mesmo com a proibição oficial. Isto se deu graças à presença de alguns missionários que divulgavam o evangelho aqui, em terras tupis. Entre estes missionários destaca-se Daniel Kidder que esteve em Jaboatão entre 1835 e 1840 distribuindo bíblias e Manoel José da Silva Vianna em 1868. O primeiro era um missionário metodista norte-americano enquanto o segundo era membro da Igreja Evangélica Fluminense. Manoel Vianna foi o responsável pela organização da Igreja Evangélica Pernambucana, em 1873, no Recife, a primeira igreja evangélica de todo o Nordeste com cultos em português. Até então, a prática do protestantismo só era permitida a alguns estrangeiros residentes no país e a evangelização era uma prática proibida. Com a proclamação da República, em 1889, e com a separação entre a Igreja Católica e o Estado, passou a existir liberdade de culto no Brasil e algumas congregações começaram a se formar oficialmente.

Interessante é o relato do missionário inglês Henry McCall que em agosto de 1893 falou dos crentes de Jaboatão:

"Tenho visitado algumas pequenas aldeias em volta da cidade de Pernambuco (Recife), distribuindo folhetos e vendendo evangelhos, como também lendo as palavras de vida a muitos ouvintes bem dispostos. Deus parece abrir portas aonde quer que eu vá. Minha primeira visita com este objetivo foi a JABOATÃO, onde temos alguns crentes, e penso que devemos formar uma pequena igreja ali. Temos tido cultos ali quinzenalmente mas eu acho que vamos tê-los uma vez por semana agora. Eu me senti bastante feliz com o primeiro evangelho vendido, e o povo parecia tão grato pelos folhetos."

Segundo Van-Hoeven Veloso, em Jaboatão dos Meus avós, a Igreja Evangélica Congregacional de Jaboatão já estava funcionando em 1891, em uma casa de madeira do Lote 1 da Colônia Suassuna, pertencente a Antônio da Costa Araújo. Em 1896, a igreja é transferida para o lote n° 6 da mesma Colônia e depois  transferida para o Centro da cidade, na Rua Dr José Marcelino (Barão de Lucena) onde funcionou até 1905. A igreja mudou de sede para a Rua Cons. José Felipe e depois para a Rua Barão de Lucena, onde em 1970 foi inaugurado o templo atual em estilo gótico, pelo pastor João Laurentino de Figueiredo.

A pequena igreja que surgiu no final do século XIX cresceu rapidamente, mas a perseguição dos católicos logo se fez sentir como é possível constatar em várias cartas e relatos:

"Apesar de toda a ira de nossos perseguidores, de seus artigos e sermões cheios de veneno e ódio, almas estão sendo abençoadas..."
"Eles nos chamam de cada nome feio enquanto passavamos pelas ruas, e ontem, quando o casal Kingston estava retornando de Jaboatão de trem, alguém jogou um tijolo, aparentemente querendo atingi-lo. O tijolo bateu na madeira atrás deles e quebrou, mas o casal não foi atingido...Pelo jeito trata-se de ataques organizados contra nossos irmãos."
"uma família que ouviu o Evangelho em Jaboatão...veio morar nos subúrbios do Recife, e tem sido obrigada a mudar para ainda mais perto da delegacia para ter um pouco mais de proteção. Eles têm sofrido tanta perseguição, mas, louvado seja o SENHOR, eles continuam firmes."

A perseguição era tanta que, em 1902, foi fundada a "Liga Contra o Protestantismo", controlada pelos jesuítas, e no dia 20 de fevereiro de 1903 o jornal "A Província" noticiava:

"Bíblias serão queimadas pelos monges em praça pública defronte do templo suntuoso da Igreja de Nossa Senhora da Penha, no domingo 22 de corrente...Todos da nova seita são convidados."

Hoje os evangélicos correspondem a cerca de 30% da população do município e, como os demais grupos, também possuem a sua história que merece ser contada e resgatada sem preconceitos.

Manguezal do Rio Jaboatão está ameaçado pelo Governo do estado

Por James Davidson



Como se não bastasse a destruição de um dos últimos recantos de vegetação nativa da Costa de Pernambuco – que é a Praia do Paiva no Cabo de Santo Agostinho – para satisfazer a ganância de imobiliárias e construtoras, o Governo do estado pretende agora destruir o manguezal do estuário do Rio Jaboatão. Com a desculpa de facilitar o acesso aos condomínios de luxo que serão criados no Complexo do Paiva, o Governo aprovou o projeto de Lei Ordinária 1373/2009 que suprime a área de preservação permanente nos estuários dos rios Jaboatão e Pirapama para a criação de uma estrada vicinal. O manguezal será destruído apenas para “facilitar o acesso” aos condomínios de luxo, contrariando a tendência atual dos governos de todo o mundo de se preocuparem mais com o meio ambiente.


A área estuarina dos rios Jaboatão e Pirapama fica situada entre os municípios de Jaboatão e do Cabo e foi transformada em ÁREA DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL ESTUARINA através da lei nº 9931 de 11 de dezembro de 1986. Na época da lei, todos os principais estuários e manguezais de Pernambuco ficaram protegidas pela mesma lei, com exceção dos estuários dos rios Ipojuca e Massangana (para que pudesse ser livremente destruído pelo Porto de Suape). A CPRH deveria ser o órgão responsável pela proteção e fiscalização das áreas de proteção onde o desmatamento e o parcelamento do solo ficaram proibidos. Com a Lei 1373/2009 já aprovada na câmara e de autoria do Governo Estadual, fica suprimida a área de proteção do Rio Jaboatão, e agora, assim como em Suape, não mais existirá restrições para a sua destruição.

A área estuarina do Rio Jaboatão possui 1284 hectares e abrange os bairros de Barra de Jangadas, Curcuranas, Gurugi em Jaboatão e Pontezinha e Ponte dos Carvalhos no Cabo de Stº Agostinho. Como todo o manguezal, é um importante ecossistema que tanto funciona como bercário marinho para a maioria das espécies do litoral como também é um importante meio de subsistência para as populações ribeirinhas. Sua destruição ocasiona um desequilíbrio no ecossistema marinho, o que de fato já vem acontecendo em Pernambuco como provam os inúmeros ataques de tubarão nas nossas praias. Será que os biólogos da CPRH esqueceram que o estuário do Rio Jaboatão é área de reprodução dos cabeças-chatas e que a destruição deste manguezal poderá influenciar nos ataques?

A CPRH é um órgão castrado. Em vez de lutar pela preservação da área estuarina ela se omite, baixando a cabeça e submetendo-se aos interesses do Governo e, claro, dos grandes empresários que irão lucrar muito com o Complexo do Paiva e com a destruição do manguezal. Por que em vez de consentir a CPRH não cumpre o seu dever, punindo as indústrias como a Portela e o Conjunto Multifabril de Jaboatão e as usinas que poluem o Rio Jaboatão? É triste saber que aquela que deveria proteger está comprometida com interesses sinistros e é manipulada de acordo com a situação.

Mas mais triste que tudo isso é a fragilidade das leis de proteção ambientais diante da ambição dos grandes grupos econômicos. Desfazer a lei que protege o mangue da Foz do Rio Jaboatão significa não somente a destruição daquele estuário como também que nenhuma lei ambiental nesse estado tem poder para parar a ganância dos poderosos. Qualquer lei poderá agora ser suprimida quando a vontade dos grandes grupos falarem mais alto.

Outra questão intrigante é por que o governo prefere construir uma outra estrada em vez de duplicar a Estrada de Curcuranas? Não faz sentido dizer que é pelo custo da desapropriação dos imóveis, pois quem conhece a região sabe que eles nem são tantos assim. Ainda existem algumas áreas livres entorno da estrada e a duplicação além de facilitar o acesso para Pontezinha iria valorizar mais uma região que é pobre e carente.

Contudo, parece que o Governo estadual só se preocupa mesmo em facilitar o acesso para os ricos futuros moradores do condomínio de luxo. Enquanto eles são capazes de anular uma lei de proteção ambiental pré-existente para abrir caminho para a elite passar, muitas comunidades pobres vivem praticamente isoladas por causa da dificuldade de acesso. Uma delas, por exemplo, a cidade de Araçoiaba, apesar de estar situada na Região Metropolitana do Recife, há muitos anos ouve a promessa de ver sua principal via de acesso ser pavimentada. Segundo o IBGE, a cidade é a mais pobre do Nordeste e uma das causas disto é a dificuldade de acesso, pois a PE 27 ainda não foi asfaltada. Esse descaso com certeza não existiria se os moradores de Araçoiaba não fossem pobres.

Enfim, estamos todos lutando e esperando que o manguezal dos rios Jaboatão e Pirapama possa ser salvo da especulação imobiliária, dos interesses obscuros do governo e da cobiça dos grandes grupos. Somente uma grande mobilização de toda a sociedade poderá trazer a esperança para a preservação do estuário do Jaboatão.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Instituto Histórico cria Biblioteca Viva

Por Idalice Laurentino



A Secretaria de Cultura, através da Coordenadoria de Patrimônio Histórico, apóia e parabeniza a implantação da Biblioteca Viva em Jaboatão dos Guararapes, pioneira no Nordeste. É mérito para o povo jaboatonense contar com um projeto cultural tão ousado, pois é das veias dos seus artistas populares e intelectuais que jorram os mais reais e peculiares fatos históricos.


O Instituto Histórico parte na dianteira, instalando em suas dependências a Biblioteca Viva escritor Heleno Veríssimo.

O projeto da Biblioteca Viva nasceu na Dinamarca no ano 2000 e espalhou-se na Europa e chegou ao Brasil através da PUC – Pontifícia Universidade católica de São Paulo.

No Nordeste, a Biblioteca Viva do Instituto Histórico de Jaboatão, pelo que foi possível saber, é sem dúvida a pioneira e conta no momento com 12 livros vivos tratando cada um deles da história do povo de Jaboatão e, desta forma, a oralidade do povo será repassada aos leitores ouvintes dentro de um padrão alta fidelidade.

Visite o IHJ conheça os seguintes livros e os respectivos narradores das histórias:



1- Rede Ferroviária do Nordeste......................Evaldo de Oliveira

2- Os Festejos de Santo Antônio..........................Zuleick Araújo

3- A História do Engenho São Bartolomeu...............Eulina Monteiro

4- A História do Clube Jaboatonense....................Maria do Carmo

5- Conheça a Vila Rica em sua intimidade................Virgínia Matos

6- A História das Praias de Jaboatão........................Adiuza Belo

7- 1° Grito de República........................................Adiuza Belo

8- Muribeca ontem, hoje e sempre.......................... Adiuza Belo

9- Amélia Brandão...............................................Adiuza Belo

10- José Gomes.................................................Adiuza Belo

11- O Rio Jaboatão..............................................Adiuza Belo

12- Francisca Isidora Vida e Poesia...........................Adiuza Belo


Entre estes livros podemos encontrar depoimentos de histórias de vida tais como: discriminações, experiências vividas por deficientes, idosos, por egressos nos casos de saúde, presidiários, viciados, alcoólatras, mulheres ocupando funções masculinas, por animadores culturais, por praticantes das mais diversas formas de religião, entre outros.

Ao homenagear o nosso associado Heleno Veríssimo, estamos prestando uma justa homenagem aquele sociólogo que deixou o conforto da praia de Boa Viagem para residir no Engenho São Bartolomeu onde fundou uma biblioteca e trouxe escritores para conhecer a vida rural. Viajando para a Suíça, ele conseguiu através de uma ONG fundos para erguer em Muribeca uma creche que cuidava das crianças, enquanto seus pais labutavam no lixão. Autor de dois livros e poliglota (falando 5 idiomas), convivia pacificamente com os pássaros e sagüis que alimentava com prazer.

Heleno Veríssimo foi o criador do Festival da Manga e dos jogos de Cavalhada e Argolinha no Engenho São Bartolomeu (Comportas) que divertia os da terra e os de fora que para lá se dirigiam.

As consultas a estes livros serão previamente agendadas pelo telefone 3481-5794, de segunda à sexta-feira no horário comercial.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Jaboatão dos tempos antigos

Por James Davidson

Jaboatão Centro (Regional 1) foi durante muito tempo um dos locais com maior intensidade cultural do município. A época do Padre Chromácio Leão e sua banda, das retretas e serenatas, do Antigo Teatro Municipal, dos operários da Rede Ferroviária do Nordeste, das festas de família, dos saraus e recitais de poesias, das pianistas e de grupos verdadeiramente folclóricos ainda deixa saudades nos moradores mais antigos que por aqui viveram. Com a falência da Rede Ferroviária e a consequente mudança de sede, Jaboatão Centro perdeu muito. Mais ainda com o desastre dos 12 anos de desgovernos de Nilton Carneiro e Rodovalho que resultaram no fechamento e destruição de muitos edifícios importantes para a cidade como a Maternidade Rita Barradas, a Escola Técnica , o Cine-teatro Samuel Campelo, entre outros. Agora estamos todos juntos para tentar recuperar tudo aquilo que foi perdido e que nos foi roubado. Com a recuperação da Escola Técnica, do Cine-teatro Samuel Campelo e com a ordenação do trânsito na localidade, estaremos dando os primeiros passos para essa realidade começar a mudar. Por isso, para tentar matar as saudades daqueles que conheceram o Jaboatão dos Tempos Antigos fiz esta postagem:




Jaboatão dos tempos antigos
O que fizeram contigo?
Que fizeram com a cidade
Tão feliz e animada?


Que fizeram da memória
Daqueles belos tempos
Quando vida em ti havia
Oh quão belos sentimentos!

Onde estão as tuas bandas
Tão bonitas e ordenadas?
Com clarins e serenatas
Multidões movimentavam.


Onde estão os teus cinemas?
Teus teatros tão amados?
Que traziam alegrias
Teus artistas revelavam.


Não se ouvem as serenatas
Nem saraus ou pianistas
Recitais de poesias
Ao final do entardecer.

Onde estão os teus artistas?
Os teus músicos e poetas?
Que com Brandão, a Tia Amélia
Animavam o anoitecer?


Jaboatão dos tempos antigos
O que fizeram contigo?
Por que hoje está mudado?
Que fizeste ao teu passado?

Onde estão aqueles grupos
Tão felizes e animados?
Pastoris e caboclinhos
Mamulengos e papangús?


Que fizeram da memória
Daqueles prédios antigos
Imponentes e bonitos
Hoje todos destruídos?


Que fizeram do Relógio
Daquele prédio histórico?
Um ícone da cidade
Dele só restam saudades.

Onde estão os operários
Da Antiga Rede Ferroviária?
Hoje tão abandonada
Com suas vilas e suas casas?


Não se ouve mais o apito
Que tocava todas as manhãs
Não há mais trens e nem vagões
E o que fizeram com a Estação?


Jaboatão dos tempos passados
Por que estás abandonado?
Por que estás tão esquecido?
Na tristeza e solidão?

Que fizeram das tuas ruas
Antes belas e alinhadas
Tão antigas e preservadas
Hoje todas alteradas?


Que fizeram com tua história
Tão rica e tão bonita?
Tão ousada e tão heróica
Mas porém tão esquecida?

Que fizeram com a cidade
Que já foi rica e animada
Viva e movimentada
Hoje tão abandonada?



Que fizeram com a cidade
Tão feliz e cultural
Hoje triste e esquecida
Quase morta e destruída?


Jaboatão dos tempos antigos
O que fizeram contigo?

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Leão de Guararapes


Eu sou Jaboatonense!
Sou Filho de Guararapes!
Onde nasceu o Brasil
Onde surgiu a nação!

Sou Leão pernambucano
Que expulsou o invasor
Que no Brasil implantou
O sentimento nacional!

Eu sou Jaboatonense!
Sou filho de Guararapes!
Que com flechas e tacapes
Expulsou o holandês!

Sou Leão Jaboatonense!
Sou da terra de heróis
Que com sangue e com suor
Lutaram pela nação!

Sou Leão de Guararapes!
Eu sou de Jaboatão!
Esta terra de coragem
Pela pátria integração!

Eu sou Jaboatonense!
Sou filho de Guararapes!
Minha terra, meu orgulho!
Pela pátria integridade!

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Matriz da Luz - Vizinha Histórica de Jaboatão




O povoado de Matriz da Luz, ou Nossa Senhora da Luz, é o 2° distrito do município de São Lourenço da Mata e situa-se a alguns quilômetros a oeste do centro dessa cidade. Localizado em uma colina que serve de divisor de águas entre as bacias do Rio Capibaribe e do Rio Jaboatão, o povoado de Matriz da Luz é cercado por antigos engenhos de cana-de-açúcar e canaviais, o que dá um ar bucólico ao local. Seu nome deve-se a igreja principal do povoado que está sob a invocação dessa santa.


Segundo o historiador Pereira da Costa, a Igreja de Nossa Senhora da Luz, erguida inicialmente como capela, já existia em 1540 como consta de um documento de demarcação de terras. Sendo assim, levando em consideração as igrejas que ainda estão de pé, ela seria uma das mais antigas de Pernambuco e do Brasil. A povoação cresceu em torna da capela e, segundo documentos do período holandês, ela era conhecida como Povoação da Muribara e, assim como em toda região vizinha, era muito rica em pau-brasil. Hoje, além da Igreja de Matriz da Luz, o povoado conta com a Igreja de Nossa senhora dos Homens Pretos, de data posterior.



A Igreja de Matriz da Luz sofreu várias ampliações e modificações ao longo do tempo. Por isso, é possível constatar nela elementos arquitetônicos típicos de vários períodos, sendo difícil situá-la em um estilo único. Porém, percebemos elementos clássicos em sua fachada. Seu interior é simples e, segundo informações fornecidas pelo responsável pela igreja, alguns elementos originais foram retirados. Apesar disso, há ainda uma pia batismal e seteiras, na parte posterior da igreja, o que indica uma função secundária de "forte". Ainda segundo informações fornecidas, na última reforma foram encontrados esqueletos dentro de uma das paredes que provavelmente eram de pessoas importantes da região. Sua torre sineira fica no lado esquerdo.


No outro extremo do largo principal do povoado encontra-se a pequena Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Pertencente à irmandade dos pretos, provavelmente foi construída por estes para a realização de seu cultos. Ela é muito simples, tendo passado por uma restauração no ano de 2007. Seu interior é modesto com altar-mor e teto sustentado por tesouras de madeira.



No entorno do povoado, encontram-se ainda vários engenhos como o Tapacurá (tombado a nível estadual), o Curupaity, Pixaó, São José, Colégio, Muribara, entre outros. Alguns destes possuem ainda suas casas-grandes e outros componente típicos de um engenho. Mas devido a nossas limitações não pudemos visitá-los. A Igreja de Matriz da Luz é tombada pela FUNDARPE e seu entorno já sofreu alterações não previstas, como a edificação de mais de um pavimentos nas casas e alterações nas fachadas. Poucas são as casas que conservam suas características originais no povoado.


No século XIX, o governo do estado decidiu criar uma estrada ligando Jaboatão ao Povoado de Matriz da Luz. Era por essa estrada, conhecida como Estrada da Luz, que seguiam as romarias rumo às festividades religiosas partindo de Jaboatão. Hoje, este caminho existe apenas parcialmente, pois parte dele foi inundado com a construção da represa de Duas Unas. No Instituto Histórico de Jaboatão há algumas escrituras antigas de transações envolvendo alguns engenhos da área de influência de Matriz da Luz. Assim, Matriz da Luz, além de ser uma vizinha próxima e interessante de Jaboatão, também faz parte da nossa história.

Manassu

 Por James Davidson Manassu. A palavra é de origem indígena e significa "grande tempestade". Pra mim o lugar tem um significado be...